Buscas e detenções em fábrica onde começou o surto de listeriose
A juiza do Tribunal n.º 10 de Sevilha, Pilar Ordóñez, ordenou na manhã desta terça-feira buscas para recolher registos da fábrica Magrudis, de onde partiu o surto de listeriose e que causou três mortes, pelo menos seis abortos e afetou mais de 200 pessoas.
A Guarda Civil confirmou entretanto a detenção de vários responsáveis, mas não revelou a identidade dos visados, segundo a imprensa espanhola. A juíza aceitou assim a denúncia apresentada pela associação de consumidores Facua, entregue na semana passada.
No despacho, a juíza afirma que o gerente da Magrudis, José Marín, e o filho, Sandro Marín, poderiam ter cometido crimes contra a saúde pública. Alegadamente, a empresa sabia desde fevereiro que os seus produtos estavam contaminados e ocultou essa informação às autoridades de saúde, sem tomar nenhuma ação corretiva da situação.
No mesmo documento, a juíza refere o relatório fornecido pelo Grupo Microal, em que estes laboratórios analisaram duas amostras de carne Magrudis em fevereiro e confirmaram a presença de listeriose. "Quando a crise se desencadeou, comunicámos por e-mail à empresa que um dos seus lotes tinha sido contaminado muito antes. Como não fizeram nada. levamos o caso à justiça", disse ao El Pais José Antonio Borrás, fundador e proprietário do grupo Microal.
O governo andaluz ativou o alerta sanitário em relação à carne desfiada da empresa Magrudis a 15 de agosto e estenderam a proibição de consumo a oito outras variedades de carne processada. Técnicos da câmara de Sevilha descobriram que a fábrica vendia uma segunda linha de produtos, que incluia 50 diferentes tipos, e que não eram declarados pela empresa mãe.
A empresa Magrudis foi registada em 2013, mas iniciou a sua atividade sem ter licença da câmara. Só em 2015, é que o Conselho Andaluz registou a carne no registo sanitário do ministério. Apesar de inicialmente não ter tido licença, a câmara municipal efetuou três inspeções à fábrica em 2015, 2016 e julho de 2017.
E na última visita, o inspetor baixou a classificação da empresa de A para C, sustentando que a distribuição de carne tinha sido reduzida à faixa da província de Sevilha. A crise da listeriose veio mostrar que a Magrudis distribuía em Madrid, Estremadura e Catalunha, só que a redução do nível de risco implicou que a periodicidade das inspeções passasse de 12 para 18 meses. A câmara de Sevilha é competente em questões de segurança alimentar e são os seus inspetores que visitam as empresas. Atualmente possui 13 veterinários que realizam essas tarefas de inspeção.
As irregularidades da Magrudis excedem o permitido a nível municipal. Em julho de 2019, a empresa realizou uma ampliação das suas instalações e começou a produzir produtos processados mesmo antes da inspeção sanitária.