Juan Carlos. O fator Letizia para o "exílio", ou como a rainha quer a filha Leonor no trono

Se é dado como certo que Juan Carlos foi empurrado para fora de Espanha pelo filho, há quem note que a rainha terá sido determinante no gesto.
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Espanha vive um verão quente: ao calor típico da estação e à crise económica que enfrenta (registou no segundo trimestre a maior queda do PIB na UE) junta-se o escândalo dos negócios de Juan Carlos e a sua saída do país enquanto está a ser investigado por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

Com o rei emérito a informar os seus amigos que não está de férias nem abandona Espanha, como escreve o La Vanguardia, e que a saída é um "parêntesis", uma das questões que se levantaram foi sobre quem tomou a decisão e porquê.

A saída de Espanha de Juan Carlos criou uma nova clivagem no seio do governo de coligação entre socialistas e Unidas Podemos. O partido de Pablo Iglesias mostrou-se surpreendido com as notícias e não tem parado de criticar o antigo monarca e os colegas da coligação.

O núcleo socialista do governo encabeçado por Pedro Sánchez estava a par do que foi acordado entre Felipe VI e o pai, tendo o tema sido articulado entre o Palácio da Zarzuela e o Palácio da Moncloa durante semanas, como conta o El Español.

Mas se entre os meios de comunicação espanhóis há um consenso de que foi Felipe VI a tomar a iniciativa da saída do pai e da carta a dar conta da decisão, há ainda outra teoria: a de que foi Letizia Ortiz, a sua mulher, a ter o papel preponderante, desejosa de um corte total entre os reis e seus descendentes dos reis eméritos.

O objetivo será o de pôr a salvo a instituição monárquica de forma que Leonor, a herdeira ao trono, suceda um dia ao pai, num momento em que não falta à esquerda quem peça um referendo ao regime.

"Custou-lhe muito assinar a carta. Ele não era a favor de deixar Espanha com um argumento que tem a sua validade: "E a presunção de inocência?", disse a jornalista Esther Jaén e amiga de Letizia Ortiz no programa de TV Espejo Público sobre a carta do rei emérito. Como diz a Vanity Fair espanhola, não só a partida do rei emérito de Espanha não foi tão voluntária como transparece no comunicado como este comentário parece ter saído diretamente da mulher de Felipe VI.

As relações entre os reis eméritos de Espanha e a rainha Letizia são tudo menos saudáveis, a fazer fé nas páginas da imprensa especializada. Mas também em algumas situações que ficaram à vista de todos, como é o caso da bronca entre Letizia e Sofia à saída da catedral de Palma de Maiorca, em abril de 2018.

Também entre Juan Carlos e Letizia não faltam relatos de como o sogro menospreza a antiga jornalista, desde ter afirmado que foi "o pior que entrou" na Zarzuela a ter mandado calá-la durante um jantar, há cerca de dez anos, quando Letizia contava a sua experiência de repórter no Iraque em guerra.

A partir daí, contam os jornais espanhóis, a ex-apresentadora do telejornal foi progressivamente afastando-se da família do marido: primeiro da infanta Elena, depois da infanta Cristina e do condenado marido, Iñaki Urdangarin, por fim dos sogros quando os escândalos de Juan Carlos eclodiram, ao ponto de viverem em casas separadas na Zarzuela.

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