Jovem luso-luxemburguês entre os feridos do ataque em Viena
Um cidadão luso-luxemburguês é um dos feridos resultantes dos ataques de segunda-feira à noite em Viena, encontrando-se hospitalizado, disse à agência Lusa fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, já depois de o Presidente da República o ter revelado numa mensagem ao seu homólogo austríaco.
A mesma fonte disse que Portugal está a acompanhar a evolução do estado de saúde deste luso-luxemburguês através da Embaixada de Portugal em Viena, capital austríaca, e do Gabinete de Emergência Consular, em articulação com as autoridades luxemburguesas.
As autoridades portuguesas estão igualmente em contacto com os familiares deste cidadão luso-luxemburguês, uma das vítimas deste ataque que começou com um tiroteio numa rua central onde fica a sinagoga principal de Viena.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem ao seu homólogo austríaco, Alexander Van der Bellen, a repudiar o ataque de segunda-feira em Viena e expressando solidariedade e pesar, revelando ainda que um jovem português está entre os feridos.
"Foi com choque e tristeza que tomei conhecimento do ataque que ontem [segunda-feira] teve lugar no centro de Viena e que provocou a morte de quatro pessoas e diversos feridos, entre estes últimos um jovem português", lê-se na mensagem enviada ao Presidente da Áustria, divulgada no portal da Presidência da República na internet.
Marcelo Rebelo de Sousa reafirma o seu "repúdio por todos os atos de violência" e a "convicção de que estes não lograrão alcançar os seus objetivos".
"Neste momento difícil, quero exprimir a minha solidariedade para com a Áustria e o povo austríaco e apresento a vossa excelência, em nome do povo português e no meu próprio, a expressão da mais sentida solidariedade e sincero pesar", acrescenta o chefe de Estado.
O primeiro-ministro português, António Costa, também manifestou solidariedade nacional ao chanceler austríaco Sebastian Kurz pelo atentado de segunda-feira em Viena, e salientou que a Europa se mantém unida perante "a ameaça do terrorismo".
"Partilhamos a angústia do povo austríaco diante do grave atentado terrorista ocorrido em Viena. Ao Chanceler Sebastian Kurz transmito a nossa solidariedade. A Europa mantém-se unida diante da ameaça do terrorismo e da violência motivada pelo ódio", escreveu António Costa, numa mensagem publicada em português e inglês na sua conta oficial da rede social Twitter.
Cinco pessoas morreram e 17 ficaram feridas numa série de ataques com armas automáticas na segunda-feira à noite em Viena, segundo um novo balanço das autoridades austríacas.
"Infelizmente, uma nova vítima morreu no hospital. Isso eleva o número total de mortos para dois homens e duas mulheres", disse um porta-voz do ministério à agência de notícias AFP, somando-se ainda a morte de um agressor.
O agressor morto pela polícia aera um jovem de 20 anos, com dupla nacionalidade austríaca e da Macedónia do Norte, e já tinha uma condenação anterior por terrorismo, anunciaram as autoridades.
O ataque, o primeiro em Viena em 35 anos, começou com um tiroteio por volta das 20.00 (19.00 em Lisboa) numa rua central onde fica a sinagoga principal de Viena, então fechada, e muito próxima de uma área de bares muito frequentada.
Os atacantes deslocaram-se depois pelo centro da cidade, disparando sobre quem ocupava as esplanadas.
"Estávamos a comer e a beber, quando ouvimos os tiros. No começo pensámos que fosse fogo-de-artifício, mas ouvimo-los mais de perto e as pessoas reagiram com pânico", disse Petra, uma brasileira que estava na zona quando o ataque começou.
Outra testemunha, o rabino Schlomo Hofmeister, disse à agência de notícias EFE que ouviu "cem tiros" nos primeiros momentos do ataque.
"Pelo menos um atacante atirou em pessoas que estavam sentadas à frente de bares e restaurantes. As pessoas correram em pânico para dentro, mas o atacante seguiu-as e atirou lá dentro também", descreveu.
Centenas de pessoas refugiaram-se em bares e restaurantes, muito lotados porque nesta terça-feira começa um novo confinamento para prevenir a propagação da covid-19.
Na Ópera de Viena, ou em salas de concerto como o Konzerthaus ou o Musikverein, muito perto da cena, milhares de pessoas permaneceram no interior durante horas, até saírem sob escolta policial.
Numa troca de tiros com a polícia, um dos autores do ataque foi morto, enquanto um agente ficou gravemente ferido.
As autoridades montaram um enorme dispositivo de segurança para localizar pelo menos um terrorista que fugiu, com dezenas de agentes das forças especiais e especializadas em ações antiterroristas a participarem nos esforços de busca, que também inclui o controlo das fronteiras.
O governo austríaco alertou que a situação de perigo ainda não passou, e pediu aos cidadãos para não saírem de casa, a não ser que seja estritamente necessário.
O último ataque em Viena ocorreu em 1985, quando o grupo palestiniano Abu Nidal matou três pessoas e feriu 39 no aeroporto da cidade.
A Alemanha já reforçou o controlo na fronteira com a Áustria após os ataques em Viena, declarou a polícia alemã.
O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, considerou que se tratou de um "repugnante ataque terrorista" e que pode haver "um motivo antissemita, pelo lugar onde começou".
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o seu homólogo austríaco em Lisboa em junho de 2019 e na altura afirmou que os dois convergem na defesa de uma União Europeia assente na solidariedade, contra o extremismo, e também no combate às alterações climáticas.