Jovem declarada culpada por "inventar" violação em grupo
Um tribunal de Chipre considerou uma britânica de 19 anos culpada por inventar que teria sido alvo de uma violação em grupo, envolvendo 12 israelitas. Ao anunciar o veredicto, o juiz Michalis Papathanasiou afirmou que a ré não disse a verdade e tentou enganar o tribunal com declarações "convenientes" e "evasivas".
A britânica foi considerada culpada pela acusação de "injúria pública". A sentença será lida no dia 7 de janeiro.
O juiz Michael Papathanasiou disse que a turista admitiu aos investigadores que tinha mentido e pediu desculpas, explicando que inventou as acusações porque estava "envergonhada" depois de descobrir que alguns dos rapazes israelitas a tinham filmado a fazer sexo.
A jovem está na ilha desde julho, primeiro numa cadeia de Nicósia e depois em casas de abrigo. Foi forçada a entregar o passaporte depois de retirar a acusação de que tinha sido violada em grupo por 12 israelitas, entre os 15 e os 22 anos, no seu quarto de hotel no resort de Ayia Napa.
Em julho, quando foi feita a acusação, os suspeitos foram imediatamente detidos. O advogado Yaniv Habari, que representa os suspeitos, disse na altura aos jornais que a polícia retirou amostras de ADN dos 12 acusados. Ainda em julho, cinco dos jovens foram libertados.
Três dos jovens disseram em tribunal que tinham tido contato sexual com a britânica na mesma noite em que a denúncia foi apresentada, mas que, segundo eles, tinha sido sexo consensual e que conheciam a jovem do bar onde esta trabalhava.
Menos de um mês depois de ter acusado os 12 israelitas, a mulher retirou a acusação, através de uma confissão mal escrita - diz o Guardian - e que advogados da britânica argumentam que resultou de uma coação por parte da polícia de Chipre. Os suspeitos foram entretanto libertados e voltaram a Israel.
A jovem descreveu ao tribunal que a violação coletiva aconteceu no momento em que estava a fazer sexo consensual com um dos membros do grupo.
Segundo a britânica, em declarações à polícia, citadas pelo Haaretz, o primeiro jovem entrou no seu quarto às 12h30, e forçou-a a fazer sexo apesar da mulher ter pedido que parasse. Depois, segundo a jovem, chamou os amigos para o quarto, onde estes se terão reunido à volta da cama a assistir e a filmar a relação sexual enquanto se riam. Vários se terão juntado à violação enquanto outro seguravam as pernas da jovem. Alguns dos membros do grupo usaram preservativo, mas outros não, de acordo com o relato que a britânica fez em julho.
A mulher terá conseguido libertar-se e correu nua até ao corredor onde encontrou dois amigos que a levaram a uma clínica particular no hotel e chamaram a polícia.
A turista acabou por ser detida sob a acusação de ter prestado falsas declarações ao ter contado "uma ofensa imaginária". Várias organizações de Direitos Humanos argumentam que a jovem de 19 anos não teve uma representação legal adequada.
"Acreditamos que foram violados os direitos de um julgamento justo. Vamos apelar para o Supremo e se a justiça falhar... planeamos levar o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos", disse a advogada.
Entretanto, a família da jovem criou uma página de crowdfunding onde está a reunir dinheiro para pagar as custas judiciais.
A jovem britânica ouviu o veredicto, acompanhada da mãe, tendo ambas saído com lenços brancos em volta do rosto nos quais estava uma imagem de lábios costurados juntos - trazidos por manifestantes da Rede Contra a Violência contra as Mulheres, que encheram o tribunal e se manifestaram do lado de fora, segundo conta o jornal The Guardian.
"Estamos aqui para defender uma rapariga de 19 anos que foi terrivelmente punida por causa de interesses políticos", disse Andri Gioakatzi, um dos representantes do movimento . "Ela teve que pagar o preço do desejo de Chipre de ter boas relações com Israel. É por isso que ela passou por isto e eles deixaram todos os meninos israelitas partirem."