Josu Ternera, em fuga há 15 anos, dá sinal de vida para anunciar o fim da ETA

José Antonio Urrutikoetxea, histórico da ETA conhecido como Josu Ternera, foi a voz que hoje leu o comunicado a anunciar a dissolução oficial da organização terrorista basca
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"A ETA desmantelou o conjunto das suas estruturas. A ETA declara que põe fim a toda a atividade política", afirma Ternera, que ao contrário do que fora anunciado não apareceu no vídeo de rosto descoberto e apenas emprestou a voz ao vídeo difundido através do jornal Berria e do portal da internet Naiz.info.

Ternera, hoje em dia com 67 anos, está fugido à justiça espanhola desde novembro de 2002. A última vez que há notícia de ter sido visto em público foi em 2013, num apartamento alugado em Durban-sur-Arize, no sul de França. Em 2008, foi noticiado que sofria de um cancro no estômago em estado terminal e, durante muito tempo, considerou-se que estava afastado da liderança da ETA. Porém, em 2011, foi dito que regressara.

A ETA (Euskadi ta Askatasuna) recusou até 2016 o seu desarmamento e dissolução, pedidas por Madrid e Paris, exigindo até ao último momento o início de negociações para libertar os seus membros presos (297, dos quais 53 em França). Em Portugal cumpre pena o etarra Andoni Fernandez. O anúncio da sua dissolução deverá ser seguido esta sexta-feira por uma "conferência internacional" para assinalar a boa-fé da organização basca.

Fundada em 1959, durante a ditadura de Francisco Franco, a ETA fez mais de 800 mortos numa série de atentados em Espanha e em França em nome da independência de Euskal Herria (o Grande País Basco espanhol e francês assim como a região espanhola de Navarra). A ETA já tinha renunciado à violência em 2011 e entregado em 2017 aquilo que assegurou serem as suas últimas armas.

No comunicado lido não houve referência às vítimas. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, já garantiu que irá manter a mesma política face à ETA, apesar do anúncio da sua dissolução. O chefe do governo espanhol classificou as cartas, comunicados e vídeos da organização terrorista como "ruído" e "propaganda" e sublinhou que a organização não obteve nada quando matava e assassinava, nem vai obter agora.

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