Josep Borrell: "Gorbachev levou ventos de liberdade para a sociedade russa"
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell recordou Mikhail Gorbachev como o político responsável por uma "mudança" que "levou ventos de liberdade para a sociedade russa".
Reagindo à morte do antigo presidente da URSS, Borrell e lamenta que "as esperanças" criadas iniciadas com a queda da cortina de ferro "tenham desaparecido".
"Eu era membro do governo de Espanha quando a cortina de ferro caiu e quando houve o golpe de Estado em Moscovo. Lembro-me bem desses dias históricos", começou por dizer, numa declaração à margem da reunião informal de Ministros dos Negócios Estrangeiros, que decorre esta quarta-feira em Praga, República Checa.
"Mikhail Gorbachev lançou ventos de liberdade sobre a sociedade russa. Ele tentou alterar o sistema comunista a partir de dentro, algo que se tornou impossível", afirmou Borrell.
O chefe da diplomacia europeia considerou ainda que Gorbachev "iniciou a necessária cooperação com o ocidente, terminando a Guerra Fria", mas "infelizmente, as esperanças desapareceram".
Na breve declaração à entrada para o conselho informal de Negócios Estrangeiros, o Alto Representante para a Política Externa e de Defesa Comum disse ainda que durante a reunião, os ministros vão "continuar a discutir a nossa relação com a Rússia", tendo em conta "a guerra na Ucrânia".
"Temos de continuar a fazer três coisas: apoiar a Ucrânia, exercendo pressão sobre a Rússia e respondendo ao apelo mais amplo deste objectivo que afecta o mundo inteiro", afirmou.
Os ministros vão ainda abordar o tópico da concessão de vistos turísticos a cidadãos russos. Borrell prometeu trabalhar por uma posição "unificada" sobre a política de vistos, reconhecendo que há "posições diferentes entre os diferentes Estados-Membros".
"Vou trabalhar pela nossa unidade, por uma posição comum e unificada. Não podemos permitir uma posição desunida numa coisa tão importante como são as relações de pessoas com pessoas: entre a sociedade russa e a sociedade europeia", vincou
Borrell salientou que "o tema amplamente discutido, durante as últimas semanas (...) é o assunto concreto mais importante sobre a mesa [da reunião]".