José Macedo garante mais um bronze para Portugal no boccia

Foi a terceira medalha de Portugal no Rio de Janeiro e a sexta da carreira do atleta de Braga em cinco participações. Logo na estreia, em Atlanta, conquistou dois ouros
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Seis medalhas em cinco participações em Jogos Paralímpicos. É este o registo de José Carlos Macedo, que ontem ganhou mais um bronze no boccia classe BC3, ao vencer no desempate (após o 5-5 final) o sul-coreano Han Soo Kim, curiosamente o jogador contra o qual há quatro anos conquistou igualmente o bronze nos Jogos Londres2012.

O atleta do Sporting de Braga, 44 anos, garantiu a terceira medalha de bronze para Portugal nos Paralímpicos 2016 que estão a decorrer no Rio de Janeiro, Brasil, depois dos terceiros lugares no boccia por equipas e de Luís Gonçalves nos 400 metros T12 (deficiência visual). Comparativamente à participação em Londres2012, Portugal já alcançou o mesmo número de medalhas, mas há quatro anos foram dois bronzes e uma prata.

"É uma satisfação imensa ter conseguido este resultado, o treinador teve um papel muito importante e o atleta interpretou muito bem as indicações que lhe foram dadas", disse Helena Bastos, destacando também o papel do parceiro de competição, Roberto Mateus.

"Portugal nunca deixou de ser medalhado nos Jogos Paralímpicos desde 1984. Continuamos a ser sempre medalhados, esperamos que isto se mantenha por muito tempo", acrescentou a selecionadora, que já deu a Portugal 26 medalhas paralímpicas.

O jogo de ontem teve um espectador especial na Arena Carioca, precisamente Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação. "O José e o Roberto [assistente de competição] fizeram aqui um jogo daqueles que fica para a memória. Foi super renhido, mas mais jogos destes e o meu coração não aguenta", afirmou.

Do futebol ao boccia

José Carlos Macedo nasceu em São Pedro de Merlim, concelho de Braga. A paralisia cerebral foi adquirida com um traumatismo de infância, como é relatado numa brochura das narrativas do desporto paralímpico, da Universidade do Porto. Aos sete anos, Macedo, como é tratado, durante uma brincadeira bateu com a cabeça e fez um traumatismo que lhe provocou uma encefalite e, consequentemente, paralisia cerebral. "Até esse dia eu era um miúdo "normal", tive uma infância perfeitamente normal tal como o meu irmão gémeo. Eu jogava à bola, andava na escola, na catequese, nos escuteiros. Nessa altura era lobito e adorava ir acampar... era muito bom. Tenho saudades dessa altura, mas o tempo passa e vamo-nos habituando", relatou nas narrativas do desporto paralímpico, lembrando que podia ter sido "um belo jogador de futebol": "Mas pronto, hoje sou campeão de boccia! Talvez no futebol nunca tivesse ganho tudo o que ganhei no boccia [...] Eu vi no boccia a oportunidade que gostava de ter tido no desporto, era a única hipótese que eu tinha de fazer algo de que sempre gostei muito... jogar. Depois em 93 fui chamado à seleção e a partir daí foi sempre a somar. A partir dessa data nunca mais deixei a seleção."

Em cinco participações em Jogos Paralímpicos, esta foi a sexta medalha conquistada por José Carlos Macedo. Em Atlanta96 e Sydney 2000 conquistou três ouros; em Londres uma prata e um bronze. Ontem somou mais um terceiro lugar no Rio de Janeiro. "Nesse dia [da primeira medalha] lembro-me de ligar aos meus pais a dizer que ia ganhar a medalha individual a seguir. Sentia-me mesmo muito confiante nesses Jogos. Essas medalhas de Atlanta recordo com muito entusiasmo. Foram os meus primeiros Jogos Paralímpicos e, ao mesmo tempo, foram os primeiros em que houve competições da classe BC3 e eu ganhei logo duas medalhas de ouro [...] Mas de todos os Jogos Paralímpicos a que fui, os que mais gostei foram os de Sidney. Para mim, Sidney foram os melhores. Adorei porque é do outro lado do mundo e porque o país é fantástico... foi espetacular", contou nesse depoimento das narrativas sobre os atletas paralímpicos.

António Marques, também no boccia, não teve ontem a mesma sorte que Macedo, ao ser derrotado no jogo de de atribuição da medalha de bronze no torneio individual de boccia BC1.

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