Jornalistas sequestrados pela Al Qaeda estão em casa
Mais magros mas aparentemente de boa saúde, Javier Espinosa e Ricardo García Vilanova chegaram este domingo, às 16.26 (hora espanhola), a bordo de um avião militar espanhol à base aérea de Torrejon de Ardoz, perto de Madrid, onde foram recebidos pela família e amigos. Disseram as primeiras palavras públicas já no "El Mundo", diante dos colegas, fortemente aplaudidos, segundo a AFP.
"Obrigada a todos os que se preocuparam por nós e tornaram possível o nosso regresso a casa", disseram, após 194 dias de cativeiro. "Estamos perfeitamente". Foram sequestrados no dia 16 de setembro.
Não podem contar nada por razões de segurança, explica o "El Mundo", mas "é possivelmente o dia mais feliz da história deste jornal", sublinhou o diretor do jornal, Casimiro García Abadillo, que tomou posse enquanto os jornalistas se encontravam sequestrados na Síria, sucedendo a Pedro J. Ramírez.
Ainda na base áerea militar, a número 2 do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, declarou que "se tratava de um caso com uma grande carga humana", aproveitando para felicitar os funcionáriso envolvidos no regresso a casa dos dois jornalistas.
O correspondente do "El Mundo" no Médio Oriente Javier Espinosa, de 49 anos, e o fotógrafo 'freelancer' Ricardo Garcia Vilanova, de 42 anos, foram "libertados e entregues a militares turcos", anunciou o jornal no site da Internet.
Javier Espinosa anunciou no sábado à noite através de um telefonema para a redação do El Mundo que os dois estavam bem e pediu para prevenirem as famílias, precisando que esperavam "chegar a Madrid este domingo depois de 194 dias de cativeiro", adiantou o jornal, sem dar mais pormenores.
"Olá, é Javier Espinosa. Anota este número de telefone e telefona-me agora mesmo. Estamos bem. Os dois. Ricardo e eu. Avisem a Mónica [a sua mulher] e os nossos pais", disse o correspondente do "El Mundo" no Médio Oriente na noite de sábado (eram 21.20 em Espanha) a Carmen, a secretária de redação que recebeu a chamada, conta o jornal.
Os dois jornalistas foram raptados por combatentes do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), o mais radical dos grupos da 'jihad' na Síria, a 16 de setembro no "check point" de Tal Abyad, na província síria de Raqqa, perto da fronteira com a Turquia, quando se preparavam para sair do país depois de duas semanas de trabalho na Síria.
Um jornalista do diário catalão El Periodico, Marc Marginedas, raptado na Síria a 04 de setembro também pelo EIIL, foi libertado a 02 de março.
Jornalista veterano, Javier Espinosa deslocou-se uma dezena de vezes à Síria desde o início do conflito em março de 2011, onde realizou para o El Mundo uma série de reportagens sobre as condições de vida muito difíceis das crianças e dos doentes neste país em luta contra o regime de Bashar al-Assad.
O fotógrafo Ricardo Garcia Villanova trabalhava para numerosos 'media' e já tinha sido raptado anteriormente pelo EIIL quando fazia uma reportagem em Alepo, no norte da Síria.
Em dezembro do ano passado, 13 grandes meios de comunicação estimavam que mais de 30 jornalistas estavam retidos na Síria.