Michael Rezendes, o jornalista lusodescendente coautor da investigação sobre abusos sexuais na igreja católica que inspirou o filme nomeado aos Óscares O Caso Spotlight, disse à Lusa que "a Igreja tem de fazer muito mais".."A Arquidiocese de Boston e o Vaticano tomaram alguns passos na direção certa, mas a maioria das vítimas que conheço acredita que a Igreja tem de fazer muito mais", disse o jornalista à Lusa..O Caso Spotlight conta a história da investigação realizada pelo jornal "The Boston Globe", premiada com o Prémio Pulitzer, que revelou um enorme escândalo de pedofilia dentro da igreja católica e décadas de encobrimento aos mais altos níveis..Rezendes é um dos jornalistas retratados no filme e o único jornalista que se mantém como investigador na unidade de investigação Spotlight, que dá o nome ao filme.."Estou muito satisfeito com o filme e sinto-me especialmente grato por estar a dar ao trabalho da equipa Spotlight uma segunda vida, com uma audiência muito maior", explicou..Depois do primeiro artigo publicado pelo jornal, que levou à resignação do cardeal de Boston, Bernard Shaw, o jornalista e os colegas assinaram mais de 600 artigos e denunciaram quase 250 clérigos..No filme, a personagem de Rezendes é interpretada pelo ator Mark Ruffalo, que está nomeado para o Óscar de Melhor Ator Secundário por este papel..[youtube:EwdCIpbTN5g].O filme, que estreou esta semana em Portugal, recebeu ainda outras cinco nomeações (melhor filme, melhor realizador, melhor atriz secundária, melhor montagem e melhor argumento original)..Rezendes disse esperar "que as pessoas vão ver o filme e saiam da sala de cinema com mais respeito pelo jornalismo de investigação e com uma noção mais forte de que a atenção do público se deve manter focada na questão do abuso sexual por membros do clero"..O lusodescendente dedicou as últimas três décadas ao jornalismo de investigação, tendo escrito sobre os ataques do 11 de setembro, suicídios na prisão, serviços de saúde e o papel das doações monetárias nas eleições presidenciais.."Comecei a trabalhar como jornalista de investigação ainda era estudante da Universidade de Boston. Voluntariei-me para um pequeno jornal ativista numa zona pobre de Boston, que não existe mais, e que se chamava East Boston Community News", lembrou..Filho de pai açoriano, de São Miguel, Rezendes cresceu a comer comida portuguesa e a ouvir falar português, mas não aprendeu a língua e só visitou o país em 2003, para escrever um artigo para o seu jornal sobre a aldeia do avô, Água Retorta.."Não aprendi muito português enquanto crescia porque a minha mãe era franco-canadiana. Mas o lado português da minha família foi, e ainda é, muito importante para mim", garantiu.