Quase dois meses após ter rescindido o contrato que o ligava ao Sporting e assinado pelos sauditas do Al Hilal, Jorge Jesus abordou em entrevista ao Jornal da Noite da SIC os seus primeiros tempos na Arábia Saudita, naquela que é a sua primeira experiência no estrangeiro..Três anos depois de ter deixado o Benfica, o treinador português vestia um equipamento vermelho aquando da entrevista, e diz que trabalhar no clube árabe "tem sido uma descoberta, do valor dos jogadores e do próprio clube e dos hábitos profissionais e religiosos", deixando elogios aos seus jogadores, "que gostam muito de aprender, são humildes e têm um respeito incrível para com o treinador. Estão sempre muito interessados e a fazer perguntas".."Já sei o nome de todos os jogadores, mas sinto dificuldades em pronunciá-los".O técnico amadorense, que na terça-feira completou 64 anos, reconhece dificuldades em comunicar com os atletas, e que tal vai atrasar o "processo de aprendizagem", admitindo que tem recorrido ao inglês, embora não seja um "expert" nesse idioma. "Já sei o nome de todos os jogadores, mas sinto dificuldades em pronunciar o nome deles", acrescentou..Questionado sobre se o Al Hilal seria um candidato ao título em Portugal, Jorge Jesus diz que o emblema árabe está muito longe do nível dos principais clubes portugueses, mas frisa que "há pelo menos dois jogadores que podiam jogar em Portugal". E se há sauditas com capacidade para atuar na I Liga, há outros que podem transitar do futebol luso para o da Arábia Saudita. Jesus diz que vão chegar "mais dois jogadores" ao Al Hilal, mas não acredita que um deles seja Jonas: "Gostava mas penso que os grandes jogadores das equipas grandes não saem de lá.".O veterano técnico confessa que não lhe "passava pela cabeça treinar uma equipa na Arábia Saudita", mas que agora não tem "outro caminho". "Só tenho uma palavra e comprometo-me com as pessoas. Agora tenho que estar aqui o maior tempo possível e fazer o melhor", vincou, mas voltando a frisar que Sousa Cintra de tudo fez para que voltasse ao Sporting. Jesus diz que não lhe passa da cabeça sair do Al Hilal de um momento para o outro, até por respeito com os dirigentes que o contrataram, que "foram três vezes a Portugal" para o tentarem convencer a assinar contrato..O "receio" de se apaixonar pelo novo clube.O respeito também se estende aos jogadores, que até beijos lhe deram no dia do seu 64.º aniversário, e aos adeptos, que "até agora estão a ser impecáveis e super carinhosos" e lhe estão a transmitir um "calor humano forte". "São coisas que marcam e esse é o meu receio. Se me apaixonar muito por este clube, será mais complicado em tomar decisões", confessou..Para trás, ficam os incidentes na Academia do Sporting, referentes a 15 de maio: "Já passou. Não penso muito. Fiquei mais marcado com a final da Taça de Portugal [derrota por 1-2 ante o Desp. Aves] do que com esse momento. Não por mim, mas os jogadores foram traumatizados. Para mim não foi normal, mas espero que não repitam. Isso não é amor aos clubes."