Depois do interregno europeu, Jonas e Mitroglou voltam hoje às opções do Benfica, que tenta recuperar a liderança da Liga no jogo com o V. Setúbal. Uma boa notícia para Rui Vitória, que poderá contar com a sua dupla atacante mais produtiva, que pode mesmo garantir um lugar de honra na história do futebol português. A cinco jornadas do final da Liga, Jonas e Mitroglou contabilizam 49 golos em 29 jogos (1,69 por partida). Uma marca impressionante, sobretudo tendo em conta que na história do campeonato apenas onze duplas de avançados fizeram melhor..Com os 50 golos à vista, o brasileiro e o grego têm boas possibilidades de se tornar a sexta dupla mais letal de sempre, bastando para isso marcar quatro vezes nos cinco jogos que ainda faltam. Mais complicado será chegar ao segundo lugar deste ranking (ver quadro), pois são precisos onze golos para igualar aquilo que Eusébio e José Torres fizeram em 1967-68 no Benfica, quando atingiram os 60 golos. Destronar Fernando Peyroteo e Jesus Correia, a dupla mais letal de sempre, isso então é impossível: os dois históricos do Sporting conseguiram fazer 72 golos em 1946-47. Era o tempo de um ataque que fez história e furor em Portugal - os Cinco Violinos, que além de Peyroteo e Jesus Correia contavam ainda com Travassos, Albano e Vasques..Aquilo que Jonas e Mitroglou têm feito nesta época no campeonato é algo que já não era visto desde 2001-02, temporada em que a dupla Mário Jardel e João Vieira Pinto marcou 51 golos pelo Sporting, com a maior fatia a pertencer, claro, ao ponta-de-lança brasileiro, que à sua conta marcou por 42 vezes - embora boa parte desses golos tenham sido graças a assistências do internacional português, que ainda fez nove golos..Mais equilibradas são as contas entre a atual dupla de avançados do Benfica, pois Jonas soma 30 golos enquanto Mitroglou leva 19. Os dois jogadores alinharam juntos no ataque em 20 dos 29 jogos, e dez das partidas ambos faturaram. O brasileiro bisou em dez encontros, o grego três vezes. E cada um deles leva um hat trick ..Eusébio e Torres os mais letais.Por três vezes os benfiquistas Eusébio e José Torres superaram juntos os 50 golos, sendo esta a parceria que mais tempo dominou o campeonato: em 1967-68, com 60 golos (o segundo melhor registo de sempre); em 1964-65 com 51; e em 1963-64, com 50 remates certeiros. O génio do Pantera Negra combinava na perfeição com o gigante ponta-de-lança, mas tinham a ajuda de dois extremos - José Augusto e António Simões - que alimentavam a fome goleadora da dupla..O terceiro par mais eficiente de sempre foi constituído por Rui Jordão (30 golos) e Nené (29), que em 1975-76 arrasavam as defesas que enfrentavam o Benfica. Chegaram aos 59 remates certeiros, numa equipa em que estava a aparecer o miúdo Fernando Chalana (apenas 17 anos) e onde se destacava o génio e irreverência de Vítor Baptista..Em 1973-74, foi época do fenómeno Héctor Yazalde, avançado argentino do Sporting que se tornou o melhor marcador de sempre num só campeonato com 46 golos, formando com Nélson Fernandes uma dupla temível que chegou aos 57 golos, que a coloca como a quarta melhor parceria de sempre, com 59% dos golos dos leões nesse ano. O top 5 fecha com outra dupla leonina: Peyroteo e José Travassos, dois dos famosos Cinco Violinos, fizeram 55 golos em 1948-49..Rui Águas e o bom casamento.O segredo para que Jonas e Mitroglou se apresentem nesta altura como uma das duplas mais eficazes de sempre é descodificado ao DN por Rui Águas, antigo ponta--de-lança do Benfica. "É algo que se explica, em primeiro lugar, pela categoria que cada um deles tem, e depois pelo contraste que existe entre os dois e que permite que casem bem, ou seja, que se complementem", começou por dizer, não dissociando no entanto da produção de toda a equipa. "Quando uma equipa funciona é mais fácil que haja eficácia", resumiu..Ainda assim, pela sua experiência, Rui Águas admite que "existem situações em que a qualidade dos avançados, por si só, chega para resolver os jogos, não estando assim tão dependentes da equipa". Contudo, diz que este não é o caso. "Considero que Jonas e Mitroglou dependem muito do que a equipa faz em campo, nomeadamente da forma como recupera a bola em zonas adiantadas e da criação de jogo ofensivo", assumiu..A possibilidade de, pelo menos, esta dupla benfiquista poder tornar-se a sexta melhor de sempre dos campeonatos nacional, com a marcação de quatro golos entre os dois, nos cinco jogos que faltam é algo que Rui Águas considera "perfeitamente alcançável", mas ainda assim avisa para o facto de "tradicionalmente as últimas jornadas serem especiais, porque as equipas que lutam por pontos fecham-se mais e complicam a vida dos pontas-de-lança". É essa dificuldade que Jonas e Mitroglou terão de ultrapassar já esta noite perante o Vitória de Setúbal (21.00, BTV), uma equipa que precisa de pontuar para fugir aos últimos lugares.