Um dos maiores roubos da história. Valor pode atingir os mil milhões de euros

Foram roubados conjuntos com diamantes e rubis de "valor inestimável" do museu Grünes Gewölbe, na cidade alemã de Dresden. Construído no século XVI, o museu é conhecido por ter uma das coleções mais importantes de joias antigas da Europa.
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Três conjuntos com diamantes e rubis de "valor inestimável" foram esta segunda-feira roubados do museu Grünes Gewölbe (Cofre Verde) na cidade de Dresden, na Alemanha, anunciou Marion Ackermann, diretora dos museus da Saxónia.

O jornal Bild estima que o valor das peças roubadas poderá atingir mil milhões de euros. Não foram ainda identificados os criminosos nem foi feita nenhuma detenção, afirmou o porta-voz da polícia Marko Laske. É "provavelmente o maior roubo de arte desde a Segunda Guerra Mundial", escreve publicação alemã. Este roubo supera o de Gardner Museum, em Boston, nos EUA. Há 30 anos, o assalto a este museu resultou num prejuízo de 500 milhões de dólares (454 milhões de euros).

Em Dresden, pelo menos dois ladrões conseguiram entrar no museu pouco antes das 05:00 locais (04:00 em Lisboa) para roubar os três conjuntos do século XVIII, antes de fugirem, explicaram os investigadores em conferência de imprensa. Os suspeitos foram vistos nas câmaras de vigilância do museu.

As joias pertenciam ao museu Grünes Gewölbe, situado num palácio da cidade de Dresden e que contém uma das coleções mais importantes de tesouros da Europa.

Pouco antes do assalto, um incêndio, perto do museu, destruiu um transformador elétrico, interrompendo o sistema de alarme.

No entanto, os investigadores recusaram-se, nesta fase, a estabelecer uma ligação entre os dois acontecimentos. As autoridades também estão a investigar se um carro que ardeu nas imediações do museu está relacionado com o assalto.

A diretora dos museus do estado da Saxónia, Marion Ackermann, não forneceu o valor estimado do prejuízo causado por este assalto, considerado um dos maiores da história.

Os três conjuntos roubados são compostos por 37 peças cada e há a possibilidade de virem a ser desmanteladas pelos ladrões, refere a BBC. Rubis, esmeraldas e safiras faziam parte das peças levadas pelos ladrões. "Três em cada 10 conjuntos de diamantes foram roubados", disse Ackermann, citada pela estação de televisão britânica.

Joias com diamantes roubados fazem "parte do património cultural mundial"

"Não podemos reduzi-los a um valor, porque não estão à venda", indicou Ackermann acrescentando, no entanto, que o valor histórico e cultural das três peças é "inestimável".

Um outro responsável dos museus da cidade referiu que os conjuntos roubados faziam "parte do património cultural mundial".

Construído no século XVI, o palácio, onde está situado o museu, é conhecido por ter uma das coleções mais importantes de joias antigas da Europa.

Possui peças únicas de ourivesaria, pedras preciosas, porcelanas, esculturas de marfim ou âmbar, bronzes ou recipientes com pedras preciosas.

O museu "Cofre Verde", um dos mais antigos do mundo, foi criado por Augusto II, o Forte, em 1723, que mais tarde viria a ser o rei da Polónia.

Peças não estavam cobertas pelo seguro e não podem ser vendidas

"Estamos a falar de objetos de valor cultural inestimável", afirmou Dirk Syndram, o diretor do museu, em conferência de imprensa. As peças não podem ser vendidas por serem muito conhecidas, acrescentou Marion Ackermann, citada pela Reuters. Questionada sobre a possibilidade de as joias serem derretidas, a responsável admitiu que "seria algo terrível".

Perante os jornalistas, Marion Ackermann fez um apelo aos ladrões para que as as obras de arte e joias roubadas não sejam desmanteladas em pequenas peças para depois serem vendidas. "O valor material não reflete o significado histórico", sublinhou.

Os três valiosos conjuntos roubados não estavam cobertos pelo seguro, acrescentou Ackermann. A diretora dos museus da Saxónia explicou que as peças estão na posse deste estado alemão há muito tempo e que não é uma prática comum colocar estes objetos no seguro.

O roubo foi um duro golpe para todo o estado, afirmou o ministro-presidente da Saxónia . As peças exibidas no Grünes Gewölbe e o Palácio são o reflexo de "séculos de trabalho árduo das pessoas da Saxónia", escreveu na rede social Twitter.

O "Diamante verde", com 41 quilates, escapou ao assalto

Uma das peças mais famosas do museu de Dresden é o "Diamante Verde", de 41 quilates, que na altura do assalto não estava em exibição, uma vez que está emprestado ao Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, refere a Reuters.

Entre os valiosos trabalhos expostos no "Cofre Verde" está uma escultura da realeza indiana do século XVIII, feira de ouro, pedras preciosas e pérolas. Um conjunto para servir café, todo em ouro, feito em 1701 pelo joalheiro Johan Melchior Dinglinger, também é um dos trabalhos exibidos pelo museu.

Um espaço que tem um acervo de mais de 4 mil peças, entre as quais joias de várias épocas, peças de Limoges, de âmbar e de marfim, bem como um conjunto de esculturas em bronze da Renascença.

Uma parte do museu, um dos mais antigos da Europa, foi destruída durante a Segunda Guerra Mundial no bombardeamento dos aliados de 13 de fevereiro de 1945, sendo posteriormente reconstruída.

O Exército Vermelho apropriou-se de uma parte das obras, levadas para a União Soviética, antes de ser repatriado em 1958, para Dresden, uma das principais cidades da República Democrática Alemã (RDA).

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