Johnny Depp: pode um escândalo destruir carreiras?

Hugh Grant, Rob Lowe e Charlie Sheen estiveram, à semelhança de Johnny Depp, envolvidos em casos sexuais e de violência doméstica
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Divine Brown. O nome está lá atrás, perdido em meados da década de 1990. A prostituta a quem Hugh Grant, em 1995, no auge da sua carreira de galã de comédias românticas, solicitou sexo, tornou-se sinónimo de escândalo sexual. As mugshots de Brown e Grant correram mundo (a polícia de Los Angeles deteve o ator e a prostituta), o ator pagou uma multa e falou uma única vez sobre o episódio, numa entrevista a Jay Leno.

Passaram-se 21 anos e Grant manteve-se incólume aos efeitos nefastos que, na altura, o escândalo poderia ter causado na sua carreira. Mais recentemente, é Johnny Depp quem vê o seu nome envolvido num escândalo, com ingredientes apelativos aos tabloides. Alegadas agressões físicas e verbais, consumo de álcool e drogas, um casamento de 15 meses desfeito.

Amber Heard, a mulher com quem Depp trocou juras de amor em fevereiro do ano passado, acusa-o de agressões físicas continuadas, tendo conseguido uma ordem restrição do tribunal, que impede o ator de se aproximar dela. Enquanto Depp se tem mantido em silêncio sobre as acusações, a sua advogada disse que Amber Heard está a "tentar assegurar uma resolução financeira prematura, alegando abusos".

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Johnny Depp é o rosto de um dos franchises mais lucrativos da história do cinema - Os Piratas das Caraíbas - que, até à data, já gerou 3,2 mil milhões de euros de receitas. Irá a carreira de Depp ressentir-se deste mais recente escândalo?

Em declarações à Variety, Mark Young, docente na USC Marshall School of Business, explica que tal depende da "perceção pública da credibilidade de Amber Heard e das suas acusações". "Se Johnny esteve envolvido em cenas de violência doméstica, as receitas de bilheteira [dos seus filmes] poderão ressentir-se a curto prazo, dependendo da gravidade dos abusos e de existir um padrão comportamental durante a sua relação com Amber Heard. Mas se este tiver sido um episódio isolado, penso que o público será mais condescendente", afirma Mark Young.

Ao longos dos anos, são vários as celebridades alvo de acusações semelhantes às de Johnny Depp. Veja-se o caso recente de Sean Penn. Lee Daniels, o coautor da série Empire, comparou-o a Terrence Howard, protagonista da série, e que já admitiu publicamente ter batido na ex-mulher. As afirmações do realizador resultaram num processo de difamação, ainda em curso, no qual Sean Penn exige uma indemnização de 8,8 milhões de euros.

Na década de 1980, o ator Rob Lowe esteve envolvido num escândalo sexual com uma menor. Lowe foi filmado a ter relações sexuais com uma jovem de 16 anos. O episódio aconteceu na noite antes da convenção do partido democrata (à época, Rob Lowe apoiava Michael Dukakis, que perderia as eleições contra George Bush). O ator, à semelhança de Hugh Grant, continuou a manter uma carreira estável.

Mais recentemente, a prova viva de que os escândalos servem, de forma irónica, para reforçar a notoriedade de uma figura pública: Charlie Sheen. O ator, estrela da série Dois Homens e Meio, foi alvo de acusações de violência doméstica e consumo de substâncias ilegais por parte das ex-mulheres, Denise Richards e Brooke Mueller. Tal não impediu Sheen de, em 2010, se tornar o ator televisivo mais bem pago de sempre, com um salário por episódio de 1,6 milhões de euros.

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