Johnny Depp assombrado pela depressão e por crise financeira
Estes não têm sido tempos fáceis para o ator Johnny Depp: do divórcio em 2016 da atriz Amber Heard às acusações de violência doméstica ou a uma batalha legal com o seu antigo gestor de confiança Joel Mandel e o The Management Group, que o acusa de sofrer de um "distúrbio de compra compulsiva".
Numa longa entrevista à revista Rolling Stone , para a qual Stephen Rodrick conversou durante três dias o ator numa casa em Londres, Depp, falou do divórcio, da falta que lhe fazem amigos e companheiros que já morreram, Tom Petty - "Eu adorava-o", lamentou -, Marlon Brando e Hunter S. Thompson, e do estado depressivo em que se viu mergulhado, quando viu a sua situação "pessoal e financeira" ruir.
"Eu estava tão em baixo quanto achava que poderia estar. O próximo passo era: 'Vais chegar a um sítio com os teus olhos abertos, e vais sair com os olhos fechados.' Eu não aguentava a dor todos os dias", contou o ator, lembrando a altura em que decidiu escrever as suas memórias.
"Servia-me vodka pela manhã e começava a escrever até que os meus olhos se enchessem as lágrimas e já não conseguisse ver a página", confessou Depp, de 55 anos.
Ao longo dos 35 anos de carreira, o seu trabalho como ator rendeu-lhe cerca de 3,6 mil milhões de dólares, dos quais alegadamente Depp terá recebido 650 milhões, dos quais praticamente nada resta. O ator processou a empresa The Management Group (TMG), encabeçada por Joel Mandel, o seu gestor de confiança de muitos anos, por fraude e negligência.
O processo inclui ainda acusações segundo as quais o TMG terá permitido que a irmã de Depp, Christi (que foi bastante próxima do ator até ao seu casamento com Heard, porque este não quis seguir o seu conselho e fazer um acordo pré-nupcial) recebesse sete milhões de dólares, assim como a sua assistente teria recebido 750 mil, sem o consentimento de Depp. Outra das acusações de má gestão é que seria do TMG a culpa da multa dos milhões que Depp teve de pagar por sucessivos atrasos no pagamento de impostos.
O TMG, por seu turno, que nega todas as acusações, alega que Depp sofre de um "distúrbio de compra compulsiva", que o leva a gastos de dois milhões de dólares por mês. Entre os gastos extravagantes que lhe são apontados pelo TMG estão um sofá de sete mil dólares vindo do cenário do reality show Keeping Up With the Kardashians para a filha.
A certo momento da conversa, o jornalista pergunta a Depp, que por vezes fumava uma mistura "de tabaco e haxixe", se é verdade aquilo que o seu antigo gestor alegava, que ele gastaria 30 mil dólares por mês em vinho. "É insultuoso. Porque era muito mais", responde.
Maus tratos da mãe
Numa longa e sombria entrevista, Johnny Depp fala também da sua mãe, cuja casa que lhe ofereceu terá sido a sua primeira grande compra, falando das agressões físicas que sofreu ao crescer, explicando igualmente a vida difícil e sobrecarregada que esta teve. O ator recorda na entrevista à Rolling Stone ter dito no funeral da mãe, em 2016 que esta era "o ser humano mais maldoso que conheci em toda a minha vida".
Depp admitiu a veracidade dos rumores que afirmavam que ele estaria a usar um mecanismo auditivo para que as falas lhe fossem ditadas. A razão, todavia, não era a falta de memória, defende o ator. Antes, era uma procura por poder libertar-se até chegar a espelhar uma "verdade atrás dos olhos", disse, lembrando que alguns dos seus "maiores heróis são do cinema mudo".
A entrevista foi proposta à revista americana, para que Depp falasse da sua situação pessoal e financeira, e acompanhada em parte pelo advogado do ator, Adam Waldman.
Outros dos vários assuntos percorridos foram o seu afeto pela personagem de Jake Sparrow, a que deu vida nos filmes Piratas das Caraíbas, o desagrado com Harvey Weinstein, de quem era amigo, ou a amizade com o músico Marilyn Manson, que, contou Depp, "brincou com a minha filha com Barbies".