Jogger, o novo maratonista da Dacia

Familiar da marca romena, já disponível em Portugal, por um preço que começa nos 14.900 euros, pode ter cinco ou sete lugares e cruza conceitos: comprimento de carrinha, espaço de monovolume e visual de SUV.
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Jogger. O apelido diz muito da nova "corrida" da Dacia no segmento C. No mercado nacional, o sucesso nunca se encontra no final dos 100 metros. A meta está mais longe. Obriga a ter a resistência e a versatilidade de um maratonista. A superar conceitos. Ora, o substituto do Lodgy MPV, apresentado, agora, em Nice, França, consegue ter o comprimento de uma carrinha, o espaço interior de um monovolume e ainda o visual próprio de um SUV. Isto, claro está, mantendo as rodas bem assentes no asfalto, com uma política de preços, no mínimo, competitiva.

Uma das primeiras impressões causadas pelo Jogger? A sua imponente presença física. Construído sobre a plataforma CMF-B, estreada nos novos Sandero e Logan, integra um módulo traseiro exclusivo que chega aos 2,9 metros de distância entre eixos, para permitir várias configurações a bordo. Mas já entramos no habitáculo. Para já, um primeiro olhar sobre o exterior.

De frente, incorpora uma grelha larga, exclusiva da Dacia, guarda-lamas pronunciados, que estendem as rodas até aos quatro cantos do automóvel e um capot horizontal e nervurado. As rodas grandes e o spoiler traseiro dão uma sensação dinâmica ao conjunto. E as luzes traseiras verticais maximizam a largura do portão da bagageira. A linha de cintura enfatiza a zona dos "ombros" do guarda-lamas traseiro, conferindo uma sensação de robustez até ao topo das rodas. O "toque" de irreverência aventureira, de corredor de trilhos mais agrestes, digamos, fica por conta das barras do tejadilho, das cavas das rodas pronunciadas e da elevada distância ao solo (200 mm sem carga), adaptável a vários tipos de estradas e caminhos.

O habitáculo é um dos grandes trunfos do Dacia Jogger. Apesar de existir uma versão com "apenas" cinco lugares, a mais apetecível é a que consegue albergar, de forma confortável, sete pessoas. Com um detalhe: a terceira fila não é meramente figurativa. A disposição das filas de bancos, como se de um anfiteatro se tratasse, permite que todos os ocupantes tenham a mesma visibilidade para a frente. Na versão de cinco lugares, o volume da bagageira é de 708 litros (até à parte superior dos encostos de cabeça) e na variante de sete é de 160 litros - ou 565 litros de capacidade com a terceira fila de bancos dobrada.

O Dacia Jogger conta com três opções de sistemas multimédia: o inteligente Media Control, que pode ser acionado com ou sem um smartphone, o Media Display, com ecrã de 8" sensível ao toque, e o Media Nav, com navegação em smartphone e replicação de wi-fi.

Para dar vida ao Jogger, a Dacia aposta num certo conservadorismo. E foi ainda mais longe, fazendo renascer o GPL, há muito esquecido pelos construtores. Conta, desta forma, com um novo propulsor a gasolina 1.0 TCe 110 e com o motor bi-fuel ECO-G 100 (gasolina/GPL).

Começando pelo 1.0 TCe 110, até porque foi o primeiro a que tivemos acesso na apresentação internacional, conta com transmissão manual de seis velocidades. Trata-se de um novo motor turbo, de 1,0 litros, de três cilindros e injeção direta, com 110 cavalos de potência (81 kW). Com um binário de 190 Nm às 1750 rpm, é, atualmente, o motor mais potente da gama Jogger. Na estrada, mostra uma agilidade surpreendente para a sua volumetria - e peso. O consumo combinado de combustível (anunciado), em ciclo WLTP, inicia-se nos 5,7 l/100km.

Mas a grande surpresa, neste campo, é a versão bi-fuel gasolina/GLP, aqui designada ECO-G, uma aposta que poderá ser considerada "bizarra" por muitos, mas que tem valências incontestáveis para quem queira fazer contas. A duração da garantia do fabricante, o custo, o cronograma de manutenção e a capacidade da bagageira são idênticos aos de um motor a gasolina tradicional (o depósito de GLP está localizado onde a roda sobressalente normalmente fica alojada).

De resto, o consumo combinado, em ciclo WLTP, do motor ECO-G 100, inicia-se nos 7.4 l/100km (para 118 CO2/km). No funcionamento a GPL, as emissões médias de CO2 são 10% inferiores às de um motor a gasolina equivalente. Além disso, oferece uma autonomia máxima de 1.000 km, graças aos dois depósitos: um de 40 litros de GPL e outro de 50 litros para gasolina. Dacia não esqueceu na sua composição de motores a versão híbrida. Mas os interessados na estreia da marca nesta tecnologia terão de aguardar até 2023.

Os preços começam nos 14.900 euros da versão Essential, associada à motorização bi-fuel, já com barras de tejadilho longitudinais, assinatura em LED, luzes diurnas também em LED com acendimento automático, faróis de nevoeiro e computador de bordo.

O nível intermédio, Comfort, disponível a partir de 16.700 euros, acrescenta-lhe jantes em liga leve de 16", ar condicionado, sensores de luz e chuva, vidros traseiros escurecidos e estofos em tecido "Comfort", além de volante em couro, sistema Media Display (rádio DAB, replicação de smartphone por USB, ligação Bluetooth, seis altifalantes) com ecrã tátil de 8"" e sensores de estacionamento traseiros.

A versão mais elitista, SL Extreme, que custa 17.700 euros, traz de série ar condicionado automático, câmara marcha-atrás, cartão mãos livres, estofos específicos com pespontos em vermelho, jantes em liga leve de 16" escurecidas, mesas tipo avião para os passageiros traseiros, proteções inferiores dianteira e traseira da carroçaria em cinzento "Megalith", retrovisores exteriores em preto brilhante, suporte amovível para telefone e tapetes com a inscrição Jogger.

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