Jogadoras voltam à seleção espanhola. Jenni Hermoso não foi convocada

"Começa uma etapa nova", diz a nova selecionadora espanhola, Montse Tomé. A convocatória incluiu 15 das campeãs do Mundo, após 21 das 23 terem renunciado na sequência da polémica com Luis Rubiales.
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"Acreditamos que é a melhor forma de a proteger". Foi assim que a nova selecionadora da seleção de Espanha justificou, esta segunda-feira, a ausência de Jenni Hermoso no leque de 15 convocadas para os jogos da Liga das Nações frente à Suécia e Suíça. A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e as futebolistas chegaram a acordo para que as jogadoras voltem a jogar pela Espanha, na sequência do polémico beijo de Luís Rubiales a Jenni Hermoso, após a final do mundial de futebol feminino, a 20 de agosto, na Austrália.

A nova selecionadora Montse Tomé considera que "começa uma etapa nova" na equipa que defende as cores de Espanha no futebol feminino.

A convocatória incluiu hoje 15 das campeãs do Mundo, após 21 das 23 terem renunciado na sequência da 'polémica' com Luis Rubiales.

Tomé, que era adjunta do técnico Jorge Vilda, demitido no meio de um processo de reestruturação após o beijo de Rubiales a Jenni Hermoso, anunciou hoje a sua primeira lista, com 15 regressadas que tinham admitido não estar disponíveis.

"Sim, falei com as jogadoras, com aspetos de ordem profissional. O que foi dito fica entre nós", declarou a selecionadora.

Na lista para os jogos da Liga das Nações, ante Suécia e Suíça, estão nomes como Aitana Bonmatí e Alexia Putellas, duas das grandes figuras, mas também Athenea del Castillo, única campeã no ativo que não tinha declarado indisponibilidade (Claudia Zornoza retirou-se da seleção em definitivo), e ainda Mapi León e Patri Guijarro, que tinham falhado o Mundial.

Em sentido contrário, a capitã da equipa que conquistou o torneio, Jenni Hermoso, ficou de fora, depois do 'turbilhão' lançado no seio do futebol espanhol, ao denunciar o beijo não consentido do então presidente da Federação (RFEF), nas comemorações do título.

"Tudo o que se passou durante estes dias é muito desagradável. Por isso, estamos ao lado delas e acompanhamos o seu sentimento quanto ao que viveram. Sou respeitosa e quero estar quanto antes com as jogadoras, para poder preparar os jogos. Isto apanhou-nos de surpresa, mas tenho a sorte de estar rodeada de gente muito profissional", declarou Tomé.

Rubiales foi, entretanto, suspenso, demitiu-se do cargo de presidente, e está sob o olho da justiça, desportiva e cível, com mudanças também na estrutura federativa, desde logo pela saída de Vilda, um caso precipitado pela denúncia da capitã.

"Estamos com a Jenni, e com todas as jogadoras, em tudo. A melhor forma de ajudá-las é estar próxima e ouvi-las. Quisemos proteger Hermoso da melhor forma, e foi esta. Contamos com Jenni, trabalho com ela há cinco anos e ainda joguei contra ela", explicou Montse Tomé.

À exceção de Hermoso, a convocatória só conta ausências por motivos de lesão, e não por indisponibilidade ou outros fatores ligados à 'polémica'.

"Nenhuma jogadora me pediu para não ser convocada. (...) Trabalhei com Jorge Vilda, mas não sou Jorge Vilda. As jogadoras conhecem-me, sei o que pensam de mim. Sinto-me bem e preparada", explicou a nova treinadora principal, que foi hoje apresentada antes de divulgar a lista e fez questão de reforçar que apoia Hermoso em vários momentos da conferência de imprensa.

Antes de ser anunciada a lista em Las Rozas, a RFEF tinha emitido um comunicado em que instava as campeãs do mundo a "juntar-se à mudança" que pretende levar a cabo no organismo e no futebol espanhol, garantindo "um ambiente seguro" para esse regresso.

"É evidente que federação, sociedade e jogadoras estão alinhadas num mesmo objetivo: a renovação e o início de uma nova etapa em que o futebol seja o grande beneficiado por todo este processo", pode ler-se no documento.

Ao todo, 39 jogadoras, entre elas a quase totalidade das campeãs do mundo, exigiram mais mudança à RFEF, declarando-se indisponíveis para regressar a menos que estivessem reunidas novas condições, num manifesto publicado na última semana.

Das 23 convocadas, 20 tinham assinado o documento.

As jogadoras espanholas, recorde-se, mantinham a renúncia à seleção, apesar da demissão do ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, na sequência do beijo na boca à Hermoso, após Espanha sagrar-se campeã mundial de futebol feminino.

As internacionais espanholas só respondiam à convocação caso existissem alterações estruturais na federação. Esta segunda-feira chegaram a acordo com a RFEF.

Espanha ganhou o mundial de futebol que este ano se realizou na Nova Zelândia e na Austrália e cuja final ficou marcada pelo beijo na boca que o então presidente da RFEF, Luis Rubiales, deu à jogadora Jenni Hermoso, durante as celebrações da vitória no estádio de Sydney.

Jeni Hermoso disse que o beijo não foi consentido, ao contrário do que afirma Rubiales.

O comportamento de Rubiales valeu-lhe a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha e por parte da FIFA, que o suspendeu do cargo durante 90 dias.

A jogadora apresentou, por seu turno, uma queixa na justiça por agressão sexual de Rubiales, que inicialmente recusou demitir-se, mas que acabou por se demitir do cargo.

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