João Rendeiro diz desconhecer acusações da CMVM
Contactado telefonicamente pela Lusa, João Rendeiro confirmou que o seu advogado [José Miguel Júdice] recebeu "um caixote de papel" com a acusação, mas escusou-se a comentar o seu teor. "Em dois anos nunca fui ouvido sobre esta matéria, portanto não faço ideia do que seja", disse o banqueiro, remetendo comentários para mais tarde.
De acordo com a edição de hoje do jornal Expresso, João Rendeiro e mais cinco ex-administradores são acusados de várias irregularidades graves ou muito graves durante a gestão do banco BPP. As coimas a aplicar, refere o semanário, vão ter um valor recorde, podendo ascender aos 2,5 milhões de euros, um montante superior às do processo BCP.
"Os seis ex-administradores acusados, entre os quais o fundador do banco João Rendeiro, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital [mas também Fernando Lima, Paulo Lopes e Vítor Castanheira] , e a própria instituição foram alvo de múltiplas acusações consideradas graves e muito graves, como criação de títulos fictícios, violação de deveres relativos à qualidade de informação prestada aos clientes ou violação de deveres de informação à CMVM", escreve o Expresso.
O advogado de Rendeiro, José Miguel Júdice, citado pelo Expresso, também considera errado que o regulador CMVM não tenha ouvido Rendeiro, apesar de confirmar que não existe essa obrigatoriedade.
"É muito mau sinal que a CMVM e o Banco de Portugal não tivessem achado justificável ouvir o meu cliente no processo de investigação", disse José Miguel Júdice. "Como se pode acusar alguém sem antes ter ouvido todas as pessoas em relação às quais recai a investigação", questionou.
Os arguidos têm até meados de Junho para se defender e, caso as acusações se mantenham, após a decisão final da CMVM, podem ainda recorrer para os tribunais do processo de contraordenação.
A acusação da CMVM aos ex-administradores do BPP surgem quase dois anos depois de uma intervenção estatal no banco, através de um empréstimo de 450 milhões de euros com aval do Estado.