João Oliveira é o cabeça de lista pelo PCP para as eleições Europeias, anunciou esta terça-feira o partido em comunicado. Há mais de um ano afastado da Assembleia da República, depois de ter falhado a eleição nas legislativas de 2022, o ex-deputado, ao DN, traçou a linha orientadora para a corrida ao Parlamento Europeu: "partimos para esta batalha eleitoral com o objetivo de reforçar a CDU [coligação eleitoral entre o PCP e o Partido Ecologista os Verdes (PEV)], em votos e percentagem, e, se for possível, também em mandatos"..O advogado de 44 anos frequentou o Parlamento durante cinco legislaturas, entre a X e a XIV, enquanto deputado. Foi líder parlamentar durante nove anos e, no último ano, ficou "com tarefas compartilhadas", longe da bancada comunista. Para além da "responsabilidade pela área da justiça", na direção do PCP, João Oliveira também tem assumido a "responsabilidade do acompanhamento da organização regional do Algarve". Continua a ser membro da Comissão Política do Comité Central do PCP..Questionado sobre o que distingue, do ponto de vista formal, as eleições que agora se propõe a enfrentar e as que enfrentou no passado, o ex-deputado comunista garante que "o centro das preocupações é o mesmo", isto é, "encontrar soluções para dar resposta às necessidades e aos problemas que o país atravessa e construir soluções para um futuro diferente". No entanto, João Oliveira também destacou "elementos de diferença". "Para além do quadro concreto em que isto se traduz do ponto de vista da intervenção, porque a intervenção no Parlamento Europeu não coincide com a intervenção no quadro da Assembleia da República, porque a dimensão em que as questões são colocadas é outra", o ex-líder parlamentar comunista recuperou a ideia de que "o posicionamento da CDU se distingue das restantes forças políticas e em particular dessas forças mais à direita". "Eu diria que, sobretudo depois de mais de 40 anos de governos do PS e do PSD em Portugal, e sobretudo depois de vários anos de convergência entre esses partidos [...] ninguém pode esperar mudança", vincou o ex-deputado do PCP, seguindo uma linha de pensamento já várias vezes apontada pelo partido. "O PSD e o CDS deixaram como seus sucedâneos o Chega e a Iniciativa Liberal", criticou o deputado, acrescentando "que ninguém pode estar à espera que os afilhados do PSD e do CDS se comportem de forma diferente em relação aos seus padrinhos"..Interrogado sobre se a mensagem política do PCP, nestas e noutras eleições, consegue suplantar a de outros partidos, necessariamente antagónicos, João Oliveira destaca a ideia de "mudança" que pode trazer o mais antigo partido político em Portugal. "O populismo tem perna curta, porque dizer às pessoas aquilo que eventualmente mais lhes agrada, sabendo à partida que isso não corresponde a qualquer tipo de mudança, a qualquer tipo de solução para os seus problemas, verdadeiramente acaba por traduzir-se numa nova desilusão", propõe o ex-parlamentar comunista. Neste sentido, João Oliveira defende que "aquilo que é preciso é protesto, e o voto na CDU é de facto um voto de protesto e de mudança", sublinhando que essa decisão eleitoral seria "contra as políticas que arruínam a vida das pessoas"na mesma medida em que configura uma aposta em "políticas que correspondam às necessidades das pessoas"..vitor.cordeiro@dn.pt