JOÃO MARCELINO: Ronaldo à frenteda melhor equipa

Cristiano Ronaldo joga! Com essa garantia, de Carlos Queiroz, está desfeita a dúvida principal para o jogo com o Brasil e que tinha alguma razão de ser. Por um lado, este jogo impõe à selecção portuguesa o objectivo fundamental de assegurar a qualificação, se possível com uma exibição ambiciosa; mas, por outro lado, sabe-se do "risco" inerente à utilização de Cristiano Ronaldo.
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O "risco" do capitão português não tem apenas que ver com os imponderáveis de alguma lesão. Está em causa sobretudo o cartão amarelo visto com a Costa do Marfim. Um segundo cartão afastará Ronaldo do primeiro jogo da fase seguinte, aquele que verdadeiramente importa. Se não jogasse, não correria riscos físicos ou disciplinares e ficaria automaticamente com a "folha limpa", uma vez que todos os cartões amarelos vistos nesta fase não contam para a fase seguinte, ou seja, são eliminados.

Carlos Queiroz já decidiu que vale a pena arriscar. Naturalmente, pretende salvaguardar o mais possível o actual estado de graça da equipa depois da goleada à Coreia do Norte. Tirar o "capitão" mexeria no coração da equipa, como é óbvio. Não seria uma decisão fácil, e teria de ser bem ponderada por todos (jogador inclusive). Ora, se bem se conhece Cristiano Ronaldo, ele nunca gostaria de ficar de fora de um jogo com este mediatismo. Está no Mundial para continuar a sua rota de afirmação e essa é uma boa garantia para todos, treinador incluído.

O sentido das palavras de Queiroz na conferência de imprensa de ontem deram ainda a garantia de não haver grandes mudanças na equipa porque ainda é necessário "garantir o apuramento". É provavelmente o caminho mais avisado. Num Mundial é preciso caminhar jogo a jogo, e sem medo. Nem dos imponderáveis.

O caso de Hugo Almeida é diferente. Também tem um cartão amarelo, mas a reentrada de Liedson é previsível. A equipa não perde qualidade nem equilíbrio.

Este seria ainda o jogo ideal para testar a recuperação de Pepe. Ou foi ao Mundial fazer figura de corpo presente ou joga hoje.

E depois poderá ainda haver mudança nos dois flancos da defesa: Fábio Coentrão por Duda e Miguel por Paulo Ferreira. Com este panorama, que se pode gerir sem colocar em causa os automatismos vistos no último jogo, haverá quando muito quatro alterações. Introduzir mais seria ir ao equilíbrio global da equipa e fazer uma opção clara pelo jogo dos oitavos-de-final. Era uma opção? Era. Mas comportaria demasiados riscos. Não está no código genético do treinador corrê-los, nem seria muito realista.

Como tenho defendido desde o início, a fase final de um Campeonato do Mundo é o momento de arriscar tudo, jogando com critério e organização defensiva mas com ambição. A única pena é o plantel ser curto, mas quanto a isso já não há nada a fazer.

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