João Félix, o menino-prodígio já brilha no grande palco

Apontado nas últimas épocas como a nova grande joia da formação do Benfica, jovem avançado estreou-se num dérbi e evitou a derrota encarnada
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"Arrepiei-me, estrear-me a marcar e ainda por cima num dérbi". João Félix entrou em campo aos 71 minutos na Luz, para o seu primeiro dérbi, numa altura em que a ameaça da derrota pairava seriamente sobre o Benfica, e confirmou a estrela de predestinado que o acompanha. Um quarto de hora depois, com os adeptos encarnados inquietos nas bancadas, o "menino" de 18 anos marcou de cabeça o golo que salvou as águias da derrota e ditou o empate no primeiro jogo grande desta I Liga. Com isso, fez história no dérbi: o mais jovem de sempre a saltar do banco para marcar um golo nos duelos entre Benfica e Sporting.

O nome de João Félix já vem ecoando há um par de anos entre os adeptos do futebol português como a "next big thing" da formação do Benfica. Um fenómeno anunciado que se apresentou da melhor forma no palco principal, no primeiro dérbi de uma carreira que desperta cada vez mais expetativas.

"É consequência do meu trabalho. Tenho de agradecer a aposta em mim. Tenho correspondido e quero continuar a corresponder", comentou, na sua estreia também em flash-interviews na Liga. João Félix ganhou esse direito, ao assumir o protagonismo entre gente grande. Além do golo, o criativo que mesmo antes de se estrear na equipa principal do Benfica já tinha despertado o interesse de uma série de "tubarões" europeus mexeu com o jogo da equipa de Rui Vitória.

Assumiu a bola com a desfaçatez dos mais talentosos, arriscou o remate sem medo do risco e mostrou a inteligência na leitura do jogo ao posicionar-se no lugar certo, na hora certa, quando Rafa cruzou para a área uma bola a pedir um cabeceamento ao segundo poste. João Félix chegou lá e saltou mais alto do que todos, estreando-se a marcar na Liga portuguesa, ao fim de 21 minutos (já tinha jogado dois minutos no Bessa, na jornada anterior).

Dispensado pelo FC Porto

Nascido em Viseu, e iniciado no futebol na escola '"Os Pestinhas", João Félix chegou à Luz em 2015/16, depois de dispensado pelo... FC Porto. Na formação dos dragões, o talento invulgar já era reconhecido. Chegou mesmo a fazer parte do chamado Projeto Jogador de Elite (PJE), onde apenas os melhores jovens da formação portista entrariam. No entanto, o corpo franzino fez que com os portistas abrissem mão de um talento que se desenvolveu rapidamente no Seixal, a casa da formação benfiquista.

Ao longo das duas últimas temporadas, Félix foi galgando etapas de afirmação. Em setembro de 2016, ainda no primeiro ano de júnior, tornou-se o mais jovem jogador a atuar pela equipa B do Benfica, com 16 anos e dez meses, num jogo da II Liga em Freamunde. Nessa mesma época, cinco meses depois, em fevereiro, acrescentou outro recorde precoce: o futebolista mais novo de sempre a marcar na II Liga, aos 17 anos, três meses e cinco dias, num jogo frente ao Académico de Viseu.

Fã do brasileiro Kaká, o menino-prodígio foi vincando o seu talento raro em diferentes patamares. Na última época, por exemplo, fê-lo em quatro competições - II Liga, campeonato de juniores, Youth League e International Cup - dividindo-se entre a equipa B e a de juniores.

As notícias do interesse de grandes clubes europeus dispostos a pagarem muitos milhões mesmo antes de o jogador se estrear na equipa principal foram-se sucedendo. Mas o Benfica blindou-o com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros, um novo contrato até 2022 e a decisão de o fazer subir esta época ao plantel principal.

Para já, em 21 minutos de João Félix na I Liga, Rui Vitória já lhe pode agradecer um ponto. Provavelmente não será o último.

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