Joana Marques Vidal: a PGR que está a mudar a Justiça
A opinião dos pares de Joana Marques Vidal, a Procuradora-Geral da República desde 2012, é consensual. Alguns dos colegas próximos garantem que "é uma pessoa muito fácil de se trabalhar em termos de feitio embora lhe falte, porém, alguma garra".
Certo é que, meses depois de tomar as rédeas ao cargo de titular da investigação criminal, Joana Marques Vidal viu-se obrigada a afastar a procuradora Cândida Almeida, diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Em causa suspeitas de que a líder do combate ao crime complexo fosse responsável por algumas fugas de informação relativamente ao caso Freeport. Caso em que o Ministério Público nunca imputou ao ex-primeiro ministro uma acusação e em que nunca chegou a ser arguido.
Ainda assim, Joana Marques Vidal tem tido um reinado à frente do Ministério Público relativamente pacífico. No MP há 35 anos, a magistrada de 58 anos tornou-se desde logo a primeira mulher nomeada para Procuradora-Geral da República. E juntou-se ao quadro da Justiça no feminino: Paula Teixeira da Cruz no Governo e Maria José Morgado no DIAP de Lisboa.
Só em finais de 2013 é que os ânimos no Ministério Público (discretamente) se exaltaram quando a titular da investigação criminal anunciava a realização de uma auditoria à violação do segredo de Justiça. "As fugas de informação não são admissíveis na Justiça", defendia Joana Marques Vidal. Mas, um ano depois, os ânimos serenaram quando, perante uma cerimónia com toda a pompa e circunstância, para apresentar os resultados dessa auditoria, a PGR se limitou a falar em meia dúzia de casos suspeitos e apontando o dedo a jornalistas e polícias.