J.J. Abrams: Star Wars é "comunhão pura"

Elenco do filme deu conferência de imprensa. Moderador não fez perguntas, pediu autógrafo para o filho
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Na manhã a seguir à antestreia europeia, Londres continuava a respirar Star Wars. Parece uma cidade em estado de graça com um filme-acontecimento. Olhamos para os jornais e há uma adulação tremenda a este sétimo episódio da saga espacial. Críticas positivas e capas variadas. O conceituado The Guardian destaca na capa a crítica do mais famoso crítico de cinema britânico, Peter Bradshaw - cinco estrelas. Por essas e por outras, a equipa do filme chega ao Corinthia Hotel para a conferência com ar de triunfo. Os fãs à entrada parecem também fazer parte de uma figuração de uma história de sucesso.

A conferência de imprensa é cronometrada e com entrada muito controlada. O moderador, um jornalista inglês, passa 45 minutos a criar antecipação. Quando se pressente um certo atraso, tenta ter piada: "O grande momento está a chegar, senhoras e senhores." A seguir, o folclore habitual, desta vez com direito a uma estrela a chegar bastante atrasada e um jornalista holandês que, em vez de uma pergunta, levanta-se e pede a Harrison Ford para autografar os brinquedos Star Wars do seu rebento: "Em criança era eu fã, agora o meu filho também é. Por favor, dê-me um autógrafo."

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Boyega atrasado

A estrela atrasada em questão é o jovem londrino John Boyega, o novo herói da saga, Finn, um stormtrooper que ganha consciência e abandona o exército da Primeira Ordem: "Sabem, ontem tive mesmo uma noite ocupada. Não consegui sair da cama mais cedo, desculpem", diz quando a conferência já vai a meio e sob os sorrisos dos colegas, em especial Adam Driver e Daisy Ridley.

Um dos momentos da conferência surge quando Harrison Ford agradece o comportamento da imprensa por não ter "entornado os feijões", ou seja, não ter revelado os chamados spoilers da história: "Sinceramente, não estava à espera. Estou espantado pela maneira como a imprensa está a respeitar os leitores em não contar nada da história". Ford cuja palavra para descrever o fenómeno Star Wars é "monstro". O Han Solo que neste filme volta a ser o Han Solo que nos devolve o prazer do mais fulgurante escapismo é precisamente um dos trunfos do filme.

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Realizador feliz

J.J. Abrams pega numa pergunta frívola e admite estar feliz com as reações. Reações que logo a seguir às primeiras sessões da meia-noite de anteontem começaram a surgir de forma muito positiva: "Vivemos num mundo de informação partilhada. Tudo o que se está a passar agora tem que ver com um fenómeno de comunhão pura. Aliás, era isso que eu e o Lawrence Kasdan queríamos no começo: um objeto que divertisse. Fico também feliz quando ouço as pessoas dizerem que ficaram felizes por a Disney não estragar o conceito. Tinha 10 anos quando vi o filme original pela primeira vez, lembro-me de que foi uma sessão de partilha comum. Todos vibrámos. Hoje, com a tecnologia das redes sociais, é diferente" e aponta para o seu smartphone. O realizador, que fala depressa e com entusiasmo, não se esquece de referir que é importante a questão do respeito pela forma como o público não deve revelar spoilers. A tal informação privilegiada é quase um código de conduta para os fãs Star Wars, mas como evitar que se divulguem segredos da história? A pergunta do DN é respondida pelo moderador: "As pessoas têm de ter cuidado com a net." E sim, o filme tem segredos dignos de Estado.

A questão feminina

Uma jornalista italiana parece muito impressionada com a heroína Rey e pergunta a Abrams se há aqui um gesto feminino. A resposta estava na ponta da língua: "Queríamos desde o início que esta história tivesse uma personagem feminina no seu centro. Foi para mim algo de muito excitante e interessante. Além disso, para além da Leia, que é um peça importante deste puzzle, queríamos também apresentar mais mulheres."

A conferência termina logo a seguir sem grandes revelações. Abrams, o fã de "velha escola", passou meia hora diante da imprensa "fã". No final todos aplaudiram e tiraram fotos que não podiam... O supremo líder deste "filme maior do que a vida" vai continuar com o sorriso de triunfo no rosto. Para já, continua a receber notícias de novos recordes e também de um prémio: o filme está na lista dos melhores do ano do American Film Institute.

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