Jesualdo Ferreira: "Jamais recusaria treinar o clube do Pelé"

O treinador português de 73 anos foi apresentado como novo treinador do Santos e elogiou o passado do clube. O técnico assumiu que pretende valorizar a marca do clube apostando nos jogadores formados na Vila Belmiro.
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Jesualdo Ferreira foi apresentado esta quarta-feira, na Vila Belmiro, como novo treinador do Santos, clube que ficou famoso por ter sido o de Pelé, mas também de Neymar ou Robinho, entre outras grandes estrelas brasileiras. O treinador português, de 72 anos, começou por dizer que foi "uma honra" quando ouviu os dirigentes do clube dizerem "com clareza, vem".

"O futebol brasileiro tem muitos anos de implementação no mundo e tem muitos treinadores de qualidade, sempre teve e sempre vai ter. A transformação que está a acontecer não tem a ver com o futebol brasileiro ou com o treinador, tem a ver sim com a globalização do futebol", disse, garantindo que "apesar de todas as dificuldades" que possa vir a sentir, "jamais recusaria treinar o clube do Pelé, um clube mítico". "O Santos é a primeira referência do futebol brasileiro. Eu tinha 16 anos e vi o Santos contra o Benfica ser campeão do mundo", recordou.

Jesualdo Ferreira deixou ainda uma palavra para o seu antecessor no cargo, o argentino Jorge Sampaoli: ""O que ele fez no ano passado foi algo notável. Não estava na previsão de ninguém. Vou tirar o chapéu aos jogadores, mas todos vocês sabem que a história dos clubes não pode parar. E para isso é preciso recriar a história. E o Santos ganhou tudo, todas as competições", sublinhou.

O treinador português explicou depois que o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo não teve a mínima influência no facto de ter aceitado orientar o Santos. "Isso não me influenciou em nada a minha vinda. Vamos falar de outro campeonato que tem a mesma densidade do Brasileiro: o inglês. Quantos ingleses estão no topo do campeonato inglês? Eu estive nos três grandes de Portugal. Havia técnicos estrangeiros nas grandes equipas. Naquela época, não sabíamos nada em Portugal. Eles vieram e ouvimos", explicou, garantindo que "o bom treinador é aquele que é capaz de chegar a um clube, adaptar-se e transformar tudo o que tem dentro do clube".

Jesualdo elogiou a escola de formação do Santos que diz ser "famosa em todo o mundo". "É uma marca que precisa se valorizar. Pouca gente vai conseguir ser superior. Falamos de um mercado muito agressivo e muito competitivo. Eu tive a oportunidade de perceber, mas ainda não está completo, que essa é a atividade que o Santos desenvolve há muitos anos. É nessa que tem de estar. Quando se treina, quando se trabalha e quando se procura e se tem o produto, tem de se valorizar de forma que seja rentável no investimento que faz. Essa é a minha ideia. Mas atenção: todos têm de pensar igual", acrescentou.

A aposta na formação é, por isso, um dado adquirido para Jesualdo Ferreira, conforme o próprio frisou. "O que o Santos fez até agora foi colocar o nome no mercado mundial. E a isso sempre estará ligado a Edson Arantes do Nascimento. E isso não pode se quebrar. Quando disse que vinha para o Santos, a reação das pessoas em Portugal era: Vais para o clube do Pelé. Eu vou ser implacável naquilo que é a política do clube. Todos os clubes brasileiros têm excelentes jogadores na formação", disse, lembrando que para fazer essa aposta é preciso criar determinadas condições: "Quando juntamos quatro jogadores de 20 anos na mesma equipa, é preciso uma estrutura para sustentar esses jogadores. Quando são bons, como Neymar, Robinho e Pelé, ninguém nota que há essa diferença."

Sobre o estilo de jogo que pretende implementar, Jesualdo lembrou que o Santos sempre foi "uma equipa ofensiva, com uma atitude perfeitamente clara". "Uma equipa com jogadores rápidos na frente e mais ou menos da mesma envergadura. Um meio de campo muito mais experiente. E cuidava pouco de sua defesa. Foi uma equipe que me agradou. Gosto dessas equipas, mas também é verdade que tem de existir um equilíbrio. A minha expectativa é melhorar o que era muito bom e o que também foi menos bom. Tenho jogadores que me agradam e que me motivam para trabalhar de acordo com o meu modelo", assumiu.

Jesualdo disse ainda estar pouco preocupado com os problemas financeiros por que passa o Santos. "No ano passado não tinha problemas financeiros? Os jogadores não eram estes? O que posso dizer é que esta equipa que ficou em segundo lugar no campeonato coloca-me um problema muito grande: fazer melhor. Isso é muito difícil. É uma enorme responsabilidade. Ganhar vai ser o nosso lema, o nosso objetivo", prometeu.

O técnico esclareceu ainda que não estava já reformado, preferindo dizer que "a coragem é uma coisa importante". "Só nos aposentamos quando não há saídas ou quando não nos reconhecem capacidades. Porque estão sempre a falar da minha idade? Todos já sabem diss!", rematou, em jeito de brincadeira.

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