Jerónimo: acordo da 'troika portuguesa' ajuda a banca
"Para os banqueiros é mãos-rotas, a parte substancial do tal empréstimo é para eles, e para o povo já vimos que nada. Nada salvo seja, vem a austeridade e os sacrifícios", afirmou o líder dos comunistas durante um jantar comício na Casa do Povo do Couço, concelho de Coruche.
Perante cerca de 300 militantes e simpatizantes da coligação PCP-PEV, Jerónimo de Sousa criticou o pacote de 78 mil milhões de euros que Portugal vai receber do Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu, considerando que não se trata de um ajuda.
"Quase todos dizem que é uma ajuda. Uma ajuda?", questionou, frisando que dos 78 mil milhões de euros, "cerca de metade é já para pagar os juros àqueles credores que deram a tal ajuda", dinheiro que "nem sequer entra em Portugal".
O secretário-geral do PCP argumentou que o programa da troika tem "35 mil milhões de euros para garantias bancárias, dos quais 12 mil milhões vão direitinhos para os cofres dos bancos", acrescentando que não há verbas para ajudar o investimento e o crescimento económico.
"Vocês começam agora a ouvir que o Banco Espírito Santo (BES) já está na fila a pedir 1 200 milhões de euros, que o Banco Comercial Português (BCP) já está na fila para receber mais uma maquia e a seguir a estes dois vêm mais", avisou Jerónimo de Sousa.
Para o líder comunista, o "tal auxílio é para ajudar a banca e os poderosos e não para ajudar os trabalhadores, o povo e o país a saírem da crise em que se encontram".
"Até podíamos dizer que é preciso que a banca se sustente, para ajudar as famílias e as Pequenas e Médias Empresas (PME), através do crédito. Mas não é nada para ajudar as famílias e as PME, antes pelo contrário, é para ajudar a eles [banca] a aumentarem os seus lucros", afiançou.