Jeffrey Sachs é um dos mais conhecidos e reconhecidos economistas liberais norte-americanos da atualidade. É Professor da Universidade de Columbia e Presidente da Rede das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável. Foi conselheiro especial de dois Secretários Gerais da ONU e um dos principais arquitetos das estratégias económicas pós-socialista de vários países, nomeadamente da Polónia e da Rússia. Escreveu livros como "O Fim da Pobreza" e "Uma Nova Política Externa"..Recentemente Jeffrey Sachs deu uma extensa entrevista ao semanário chinês de língua inglesa China Daily sobre a guerra na Ucrânia (ver aqui)..Com um pragmatismo anglo-saxónico o economista diz que é tempo de os Estados Unidos reconhecerem que agiram de forma irresponsável ao procurarem o alargamento da NATO para a Ucrânia e para a Geórgia. E defende que a melhor estratégia é pressionar os dois lados do conflito, Rússia e Estados Unidos, a alcançarem a Paz. O risco de o não conseguir é o da escalada da guerra e, no final, a perda de todo o território da Ucrânia para a Rússia..Jeffrey Sachs rejeita a estratégia neoconservadora, que tem dominado a política externa americana nos últimos 30 anos e que tem levado a sucessivas derrotas militares americanas. Robert Kagan, um dos chefes de fila dos neoconservadores, foi um dos grandes advogados da estratégia de incorporação gradual da Ucrânia na NATO. O resultado está à vista..Sachs mostra como um pequeno grupo familiar em torno da família Kagan conseguiu impor os seus pontos de vista geoestratégicos nos Estados Unidos, guiando o país para guerras e invasões como a da Sérvia (1999), Afeganistão (2001), Iraque (2003), Síria (2011), etc...Entretanto a guerra está em modo de pausa, depois de Putin ter ordenado que fosse dado algum descanso aos soldados russos. Um momento propício para conversações sérias sobre a Paz na região com garantias de segurança para os dois lados do conflito. Infelizmente tal não parece estar a acontecer. Tudo se prepara para que depois da pausa recomecem os combates..Até ao momento o que temos assistido é a um lento avançar dos russos ocupando, pouco a pouco, mais território. Sempre que perde uma cidade importante, a Ucrânia procura desviar as atenções da derrota militar trazendo para os noticiários ocidentais casos de violação dos direitos humanos..A propagando vai ao ponto de descrever a rendição das suas forças como retirada. Mas a retórica e a propaganda não alteram a realidade no terreno..As armas fornecidas pela NATO também não parecem estar a funcionar e a Ucrânia vai sangrando e minguando lentamente. Parece cada vez mais improvável uma vitória da NATO, pelo que neste momento a Ucrânia seria o lado com maior interesse em conversações de Paz - para não perder mais territórios..Infelizmente para a Ucrânia não é com Zelinsky mas com Biden que a Paz tem de ser negociada. A não o ser a Rússia prosseguirá uma ocupação cada vez mais alargada..As armas e as sanções mútuas não resolvem o conflito. São necessárias conversações sérias que permitam acordar garantias de segurança a todas as partes envolvidas - a começar pela União Europeia, um autor ausente porque totalmente dependente de terceiros.