O autor nascido em Ibahernando, Cáceres, em 1962, recebeu o prémio mais significativo do encontro de escritores de expressão ibéria, que decorre até sábado na Póvoa de Varzim, com o livro "As leis da fronteira", desabando que foi "um prémio inesperado".."Estou contentíssimo, porque é o primeiro prémio que me dão em Portugal, um país que venho com frequência, até por nasci muito perto da fronteira, na região de Extremadura, e sempre tive uma relação próximo com Portugal", disse à Lusa Javier Cercas.."Não estava à espera, sabia que estava entre os finalistas, mas não pensava que o ia conquista, foi inesperado e isso torna esta distinção mais especial", completou..[artigo:5045152].O escritor espanhol marcou hoje presença no certamente literário poveiro, reconhecendo a sua importância na divulgação da literatura ibérica.."É muito bom que hajam encontros literários deste género que tenham uma dimensão ibérica, pois durante séculos Espanha e Portugal viveram de costa voltadas a nível cultural, e isso está acabar. Esta dimensão de intercâmbio é muito rica para os escritores e também para os leitores", analisou..Javier Cercas sublinhou o contacto que o Correntes d'Escritas proporciona com o público, reconhecendo que a troca de ideias é "muito enriquecedora".."É bom dessacralizar a literatura, porque nós escritores somos pessoas muito normais, e esse contacto direto com o público é muito enriquecedor, pois sentes interpretações muito distintas dos teus livros e isso é maravilhoso"..Reconhecendo que o prémio conquistado nesta edição do Correntes d'Escritas poderá aumentar em Portugal o número dos seus leitores, o autor espanhol lembra que as similitudes das duas línguas têm sido negligenciadas.."Temos na Península Ibérica línguas diferentes, mas que no fundo são muito semelhantes. É quase um latim mal falado e é muito fácil comunicar entre nós. Mas essa riqueza não tem sido tão aproveitada como devia", analisou o autor..Javier Cercas espera, assim, que encontros como o Correntes d'Escritas se multipliquem e possam "aproximar público e escritores portugueses, espanhóis, africanos, brasileiros e latino-americanos", aproveitando "essa é a magia dos livros"..O júri do prémio Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, com o valor de 20 mil euros, distinguiu no livro "As leis da fronteira", de Javier Cercas, a atenção dada "às grandes questões da sociedade contemporânea" e pela "opção por uma construção narrativa atenta à polifonia de vozes e aos seus modos distintos de convocação da memória"..Adicionalmente, o júri destacou "a componente de romance de iniciação, quer individual quer coletivamente considerada na Espanha dos primeiros anos de democracia"..O júri deste prémio literário foi constituído por Carlos Vaz Marques, Helena Vasconcelos, Isabel Pires de Lima, João Rios e José Manuel Fajardo e havia selecionado 13 obras finalistas de autores nacionais e internacionais em prosa.