Benfica volta a falhar em toda a linha na Champions. E até podia ter sido pior...
Um enorme zero. Assim se pode definir a exibição do Benfica na Rússia frente ao Zenit. Salvou-se o grande golo de Raúl de Tomás, o único momento de brilho de uma equipa à deriva que acabou por perder apenas por 3-1... afinal, a goleada chegou a estar à vista.
É quase inexplicável o apagão que o Benfica tem sofrido na Liga dos Campeões nas últimas três temporadas, durante as quais fez 14 jogos e sofreu... onze derrotas. Salvaram-se um empate caseiro com o Ajax e duas vitórias com o modesto AEK Atenas, todos na época passada. E o saldo de golos nestas 14 partidas é verdadeiramente de arrepiar: nove golos marcados e 30 sofridos!
O treinador Bruno Lage tinha dito na véspera desta partida em São Petersburgo que a equipa tinha de responder à dimensão que o clube tem na Europa, mas aquilo que se viu em campo nada tem que ver com uma equipa que quer manter o seu prestígio intacto. O Benfica foi, afinal, uma equipa banal, sem alma nem força, perante um Zenit que está muito longe de ser temível.
Após a derrota na Luz com o RB Leipzig, era fundamental vencer ou, no mínimo, pontuar na Rússia para manter intactas as esperanças de apuramento para os oitavos-de-final. O que aconteceu foi mais uma derrota e, pior do que isso, o Lyon foi à Alemanha vencer, o que coloca os encarnados já com um fosso assinalável para os adversários.
E como explicar esta derrota? Com a falta de intensidade, uma completa desorientação na organização defensiva, uma gritante incapacidade de ganhar as bolas divididas e de ligar o jogo ofensivo de forma a criar ocasiões de golo.
Bruno Lage surpreendeu com a colocação de Jardel ao lado de Rúben Dias no eixo da defesa, uma decisão que até se compreendeu pois visava procurar bloquear o jogo de cabeça do gigante ponta-de-lança Dzyuba. Na frente, o técnico encarnado optou por colocar Taarabt mais perto de Seferovic, com Gabriel no meio-campo, na tentativa de ligar o jogo atacante.
Só que no primeiro sinal de perigo do Zenit, Jardel foi ultrapassado pelo iraniano Azmoun e só não foi golo graças a Vlachodimos. Os russos eram uma equipa muito mais veloz sobre a bola e na pressão que exerciam para a recuperar, o que complicava a ligação do jogo do Benfica, que raramente conseguia fazer três passes seguidos.
É verdade que Seferovic até esteve perto do golo na sequência de um canto, mas via-se que o Benfica estava à beira do precipício. E, aos 22 minutos, Vlachodimos passou a Fejsa, que, à entrada da área, permitiu que Ozdoev lhe roubasse a bola, permitindo a Dzyuba abrir o marcador. Um golo caricato para uma equipa de alta competição...
Em vantagem, o Zenit ficou ainda mais confortável no jogo e continuou o seu estilo prático de lançar a bola na frente, sobretudo com passes entre os laterais e os centrais benfiquistas e os desequilíbrios iam sucedendo-se. O Benfica jogava longe da baliza contrária e a solução que encontrava eram os remates de longe.
Esperava-se que os encarnados reagissem na segunda parte, mas os primeiros minutos após o intervalo o Zenit fez uma pressão tão alta que não deixava o Benfica sair do seu meio-campo. Aos 60 minutos, Bruno Lage decidiu arriscar lançando Carlos Vinícius e Caio Lucas para os lugares de Fejsa e Pizzi. Por sua vez, Sergei Semak reajustou a sua equipa, passando do 4x4x2 para um sistema de três centrais.
Resultado? Os russos deixaram então o Benfica assumir o controlo da partida e passaram a jogar em contra-ataque. E assim puseram a nu ainda mais a desorganização defensiva da equipa de Bruno Lage e o segundo golo foi uma inevitabilidade, pois Karavaev ganhou espaço nas costas de Grimaldo, correu até à linha de fundo e cruzou, onde Rúben Dias cortou, mas a bola bateu-lhe no braço e entrou na baliza.
O terceiro golo não demorou muito. Outra vez um golo inadmissível, na sequência de um livre quase no meio-campo, os russos cobraram rapidamente para Azmoun, novamente nas costas de Grimaldo, a não perdoar. Um lance em que a defesa benfiquista estava completamente desconcentrada. Logo a seguir o Zenit ainda fez o quarto golo, mas foi anulado por fora-de-jogo.
O Benfica estava derrotado ainda com longos 14 minutos pela frente. Nesse período, surgiu o único momento positivo dos campeões nacionais, quando Raúl de Tomás recuperou uma bola ainda longe da baliza e rematou de forma fulminante para um grande golo. O espanhol estreava-se finalmente a marcar de águia ao peito. Os encarnados animaram-se então e, na sequência de cantos, Gabriel e Carlos Vinícius até estiveram perto de marcar...
A equipa de Bruno Lage deixou uma péssima imagem em São Petersburgo, confirmando os indicadores que foram dados nas últimas semanas, estando muito longe da qualidade que exibiu na época passada. E desde o início da temporada tem estado em autêntica queda livre. O treinador tem-se queixado das lesões, mas isso não justifica o futebol desolador que a equipa tem apresentado.
Se o Zenit foi uma equipa intensa e com grande capacidade de pressão sobre o adversário, deve-o a Ozdoev, um trabalhador incansável, que foi o responsável pela recuperação de bola que deu origem ao primeiro golo da partida, marcado por Dzyuba. Entre os benfiquistas, apenas Gabriel teve alguma lucidez e capacidade de luta para responder à altura.
VEJA AQUI OS GOLOS
1-0, Dzyuba
2-0, Rúben Dias (na própria baliza)
3-0, Azmoun
3-1, Raúl de Tomás
FICHA DO JOGO:
Estádio Krestovsky, em São Petersburgo
Árbitro: Carlos del Cerro Grande (Espanha)
Zenit - Lunev; Smolnikov (Yordán Osorio, 63'), Ivanovic, Rakitskyy, Douglas Santos; Driussi, Wilmar Barrios, Odzoev, Shatov (Karavaev, 68'); Dzyuba, Serdar Azmoun (Erokhin, 81')
Treinador: Sergei Semak
Benfica - Vlachodimos; Tomás Tavares, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo; Pizzi (Caio Lucas, 60'), Fejsa (Carlos Vinícius, 60'), Gabriel, Rafa Silva; Taarabt, Seferovic (Raúl de Tomás, 81')
Treinador: Bruno Lage
Cartão amarelo a Rakitskyy (44')
Golo: 1-0, Dzyuba (22'); 2-0, Rúben Dias (70' pb); 3-0, Azmoun (78'); 3-1, Raúl de Tomás (85')