Benfica esteve no inferno mas chegou ao paraíso com vista para o título
O Benfica não ganhou para o susto este sábado num Estádio da Luz lotado perante o Portimonense. A equipa de Bruno Lage esteve a perder já na segunda parte e o sonho do título esteve seriamente ameaçado, mas uma reação à campeão fez com que os encarnados conseguissem dar a volta ao resultado, sair do inferno e entrar no paraíso que os deixa às portas do título com uma goleada de 5-1 que em várias fases do jogo poucos imaginariam ser possível.
Com duas jornadas por disputar, o Benfica precisa agora de fazer quatro pontos para fazer a festa do 37.º título de campeão nacional. Bruno Lage completou uma volta completa à frente da equipa e somou o 16.º triunfo em 17 jogos (só empatou com o Belenenses SAD), chegando aos 96 golos, que é o melhor ataque dos encarnados desde 1972/73, sendo o quarto mais concretizador de sempre no campeonato para o clube da Luz, com o recorde a estar em 103 (em 1963/64).
O Portimonense tinha avisado que ia à Luz discutir o resultado e com uma estrutura de três centrais e uma equipa bem adiantada no terreno, condicionou bastante a construção de jogo do Benfica. É verdade que a primeira grande oportunidade foi de Seferovic, que não foi capaz de bater Ricardo Ferreira depois de ser isolado por João Félix, mas depois disso os algarvios mandaram no jogo com Paulinho a gozar de muita liberdade para criar jogo ofensivo e com Bruno Tabata a ser uma seta apontada à baliza de Vlachodimos, que manteve a sua baliza inviolável na primeira parte com duas enormes defesas.
O Benfica não conseguia ligar o seu jogo nas saídas para o ataque, face à pressão exercida pelo adversário. As dificuldades faziam com que o nervosismo e a tensão se apoderassem cada vez mais dos jogadores, mas também dos adeptos benfiquistas.
Ao minuto 25, João Félix cabeceou por cima após cruzamento de Rafa Silva, um lance que parece sido um despertador para a equipa de Bruno Lage, que a partir desse momento criou uma série de situações para chegar ao golo, mas sempre com o perigo algarvio à espreita.
O empate a zero ao intervalo indicava que o Benfica precisava de fazer muito mais para chegar ao triunfo e a dúvida que se colocava era se o Portimonense teria capacidade para manter a sua qualidade de jogo. A resposta foi dada aos 53 minutos, quando a Luz gelou. Henrique fez um passe a rasgar a isolar Bruno Tabata que aproveitou para bater Vlachodimos, que desta vez nada pode fazer.
Bruno Tabata tinha avisado que o Portimonense ia à Luz para roubar o título ao Benfica e esse atrevimento do extremo brasileiro fazia naquele momento todo o sentido, pois uma derrota colocava a equipa de Bruno Lage à mercê do FC Porto que jogava a seguir.
Os momentos que se seguiram foram de ainda maior tensão na Luz, até porque Paulinho teve logo de seguida a oportunidade de fazer o 2-0. Bruno Lage fez então uma alteração que acabou por mudar o jogo, lançando Jonas para o lugar de Samaris, derivando Pizzi para o centro do meio-campo e João Félix para a ala direita. O técnico pretendia que a equipa tivesse mais critério com a bola e que conseguisse pressionar mais à frente. Pois bem, os resultados foram imediatos, pois Rafa Silva pressionou Lucas Possignolo e ganhou a bola, isolando-se para fazer o empate.
O Benfica ganhava uma nova vida e o Portimonense começava a dar sinais de instabilidade na sua defesa. Passados quatro minutos, Pizzi lançou Seferovic na área, que depois de fugir a Ricardo Ferreira colocou a bola para o centro da área, onde apareceu Rafa a bisar e a atingir os 15 golos marcados no campeonato.
A Luz suspirava de alívio e a equipa encarnada libertava-se finalmente da excelente estratégia implementada por António Folha. As saídas para o ataque dos algarvios continuavam, mas já sem a mesma frescura e mais consentida pelos vários passes falhados pelos jogadores do Benfica, algo que não tem sido normal na equipa de Bruno Lage.
O Portimonense arriscou depois na tentativa de chegar ao empate, com as entradas de Ruster e sobretudo de Paulinho Bóia para o lugar do defesa-esquerdo Henrique. E foi então que o Benfica aproveitou para chegar à goleada, com Seferovic a aproveitar para consolidar a liderança da lista de melhores marcadores, chegando aos 21 golos com o quinto bis na I Liga: o primeiro a passe de Pizzi e o outro na sequência de um cruzamento de André Almeida, que ainda foi a tempo de oferecer o golo da ordem a Jonas na última jogada da partida.
O apito final do árbitro Artur Soares Dias fez rebentar a festa entre os benfiquistas, que viveram uma tarde de sofrimento, bem expresso nas lágrimas de André Almeida no momento de agradecer o apoio. Segue-se a deslocação a Vila do Conde para defrontar o Rio Ave. Com uma vantagem de dois pontos em relação ao FC Porto, o Benfica está obrigado a não perder para manter a vantagem na classificação antes de receber o Santa Clara na última jornada.
O extremo está a fazer a melhor época da sua carreira e ontem foi fundamental para o Benfica conseguir a reviravolta ao marcar em apenas quatro minutos os dois golos que permitiram à sua equipa lançar-se para o triunfo. Já são 15 golos no campeonato e 19 em todas as competições... longe vão as críticas que lhe eram dirigidas por ter uma baixa capacidade de finalizar em frente da baliza.
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FICHA DO JOGO
Estádio da Luz (60 677 espectadores)
Árbitro: Artur Soares Dias (Porto)
Benfica - Vlachodimos; André Almeida, Jardel, Ferro, Grimaldo: Pizzi (Fejsa, 90'+1), Florentino Luís, Samaris (Jonas, 61'), Rafa Silva; João Félix (Gedson Fernandes, 78'), Seferovic
Treinador: Bruno Lage
Portimonense - Ricardo Ferreira; Vítor Tormena, Lucas Possignolo, Jadson, Rúben Fernandes, Henrique (Paulinho Bóia, 82'); Paulinho, Pedro Sá, Lucas Fernandes; Bruno Tabata (Bruno Reis, 90'), Dener (Ruster, 72')
Treinador: António Folha
Disciplina: nada a assinalar
Golos: 0-1, Bruno Tabata (53'); 1-1, Rafa Silva (62'); 2-1, Rafa Silva (66'); 3-1, Seferovic (84'); 4-1, Seferovic (88'); 5-1, Jonas (90'+2)