Jamaica pode continuar no Cais. Tokyo e Europa ficam até junho

Senhorios e inquilino do Jamaica, separados por algumas centenas de euros nas rendas, ainda se podem entender. Tokio e Europa mudam-se mesmo, mas não antes de junho
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Afinal, o bar-discoteca Jamaica - cujo encerramento chegou a ser apontado para o dia de ontem - poderá manter-se no Cais do Sodré, onde funciona desde a inauguração, há cerca de 45 anos. Já o Tokyo e o Europa, "vizinhos" no mesmo prédio da Rua Nova do Carvalho, vão mesmo mudar de local. Mas ganharam algum tempo. Pelo menos até junho.

Em relação ao Jamaica, o mais emblemático dos três espaços, a possibilidade de por ali continuar foi confirmada ao DN pelo representante dos proprietários do edifício - onde nascerá um hotel - e também pelo dono da discoteca, Fernando Pereira, a quem pertence também o Tokyo. Neste momento, tudo o que separa as partes é essencialmente uma diferença de algumas centenas de euros no valor da renda a pagar pelo espaço, depois das obras.

Pelo Jamaica, Fernando Pereira pagava cerca de 250 euros mensais, dos quais resultavam cerca de 200 euros líquidos para os senhorios. Recentemente, o empresário apresentou uma nova proposta, que multiplica por mais de dez vezes este valor: cerca de 2600 euros. "É um valor de 20 euros o metro quadrado. Os valores de mercado estão entre os 20 e os 30 euros mas, no caso do Jamaica, só metade da área útil é contabilizada para efeitos de lotação do espaço: o piso de cima", explicou. "No piso de baixo estão casas de banho, armazéns, escritórios. para além de o pé direito ser muito baixo", acrescentou.

"A proposta está a ser analisada", disse ao DN o advogado Diogo Tavares de Carvalho, representante dos donos do espaço, que abriu a porta a um entendimento: "Se assim não fosse, não estaria contemplada no projeto a possibilidade de haver ali um espaço para o Jamaica continuar".

No entanto, mesmo admitindo que a proposta "está a ser analisada", os valores em cima da mesa ainda não chegam para um entendimento: "A proposta não é satisfatória minimamente, mas é uma questão de números. Acho que lá podemos chegar", repetiu.

Pelas estimativas dos proprietários, o Jamaica tem uma área de cerca de 170 m2, o que pela base do valor de mercado - 20 euros o m2 - daria uma renda de 3400 euros. Mas o advogado disse ao DN que "nunca foi exigido" que a bitola fosse essa, pelo que os fiéis do bar-discoteca do Cais do Sodré têm boas razões para estarem otimistas em relação à continuidade deste espaço lisboeta.

Tokyo e Europa até junho

Diferente é a situação do Tokyo e do Europa. Em relação ao primeiro espaço, é o próprio Fernando Pereira que dá como dado adquirido que irá de mudar de local. Até porque o projeto do hotel prevê que ali sejam instaladas "máquinas e balneários de apoio a uma piscina que também ali vai nascer". Quanto ao Europa, do empresário Pedro Vieira, o representante dos senhorios afastou qualquer hipótese de entendimento, até porque, disse, o inquilino "não paga a renda há mais de um ano".

No entanto, os três espaços ganharam algum tempo para definirem o seu futuro: o gabinete de arquitetura responsável pelos projetos de preservação da fachada e estrutura do edifício não terá entregue os documentos exigidos pela Câmara Municipal no prazo previsto e, mesmo depois destes serem aprovados, os inquilinos têm ainda 15 dias para vagar o espaço após segunda notificação dos senhorios. Tudo somado, só em junho isso deverá acontecer.

Fernando Pereira não afastou ainda a hipótese de ser encontrado um novo local para o Tokyo, o Jamaica e até o Europa, uma vez que "existem sinergias comuns em relação aos três espaços".

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