"Já sofri 210 golos? Lembro-me bem é do 0-0 com a Estónia"

Simoncini é o guardião mais batido do futebol europeu e conta ao DN como é defender a baliza de San Marino, que hoje reencontra a Alemanha, dez anos depois de um 0-13
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Dia 6 de setembro de 2006. A seleção de São Marino recebia a Alemanha, no apuramento para o Euro 2018, jogo em que os germânicos eram claramente favoritos. Comprovaram-no ao vencerem por esclarecedores... 13-0, até hoje o mais desnivelado resultado de sempre entre seleções europeias em jogos oficiais. Nesse dia estreava-se na baliza (em jogos oficiais) um jovem são-marinense de 19 anos, Aldo Simoncini. Dez anos, 51 jogos e 210 golos depois, o guarda-redes volta a reencontrar hoje a seleção que mais golos lhe marcou, mas não está assustado.

Aldo Simoncini atendeu o telefonema do DN no gabinete de contabilidade onde trabalha, em Borgo Maggiore, São Marino. Estranhou a ligação ser de Portugal, mas quando soube o tema da conversa logo percebeu. "Sinceramente já não me lembrava que esse era o maior recorde de sempre [13 golos sofridos num jogo]. Infelizmente aconteceu comigo, mas já não ligamos a isso", disse Aldo, preferindo destacar o lado positivo que vê nestes jogos.

"Em São Marino os jogos não são competitivos, as equipas são fracas e é nestes confrontos de seleções que evoluímos mais. Não vou dizer que os resultados mais pesados não afetam os jogadores, mas como já estamos tão habituados acabamos por nem ligar muito. Frente à Alemanha? Vai ser obviamente uma partida muito difícil, frente ao campeão mundial e a uma das melhores equipas do mundo, mas vamos entrar para ganhar. Aliás, apesar de nos desvalorizarem sempre, nós entramos sempre em campo com vontade de vencer", referiu.

A vontade de conseguir um bom resultado é muita, mas a verdade é que em 51 jogos pela seleção de São Marino, Aldo Simoncini nunca venceu. Aliás, a federação não regista nenhuma vitória no seu historial, daí não ser estranha a 201.ª posição (em 205) que ocupa no ranking da FIFA. O melhor que o guarda-redes de 30 anos, que joga no AC Libertas do seu país, conseguiu foi um empate caseiro (0-0) com a Estónia, em novembro de 2014. "Já sofri 210 golos? Não sabia, não faço essas contas. Lembro-me bem foi do empate com a Estónia. Isso para nós foi um feito. Sabemos que a Estónia não é uma potência, mas é uma equipa profissional e nós somos todos amadores", afirmou o jogador de fim de semana. "Quando posso ir aos treinos vou, mas se tiver trabalho para fazer no escritório não consigo."

Até ao momento, Aldo Simoncini nunca teve oportunidade de defrontar Portugal. Jogar contra um goleador como Cristiano Ronaldo, contudo, não amedronta o destemido guarda-redes. "Não teria qualquer problema em sofrer golos de Cristiano Ronaldo ou do Messi. Já sofri de muitos dos melhores do mundo. Seria um prazer jogar contra uma equipa como Portugal, campeã da Europa. Volto a dizer, nós aprendemos com os melhores. Gostava de ter Cristiano Ronaldo pela frente", salientou Aldo.

Longe do maior recorde de sempre

Apesar dos 13-0 ser o resultado mais desnivelado entre seleções europeias, está longe de ser o mais dilatado na história do futebol mundial entre seleções - a Micronésia, nação insular da Oceânia, conseguiu bem pior.

Em julho de 2015 a Confederação da Oceânia organizou um torneio para discutir uma vaga para os Jogos do Rio de Janeiro, e a seleção da Micronésia defrontou a República de Vanuatu. Um jogo de péssima memória, dado que o resultado final ficou na história do futebol mundial: 46-0, até hoje o mais dilatado de sempre em termos oficiais. Antes, a Micronésia já tinha dois registos históricos: 30-0 com as Fiji e 38-0 com o Taiti.

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