Italiano de 80 anos foi despejado e vive em comboios
Ao longo desses últimos oito meses, conta hoje um artigo do jornal 'ABC', Silvano saiu pouco dos comboios, para mudar de rota. Conhece de cor os horários e as diversas combinações que pode fazer para chegar às mais diversas cidades.
"Trabalhei como enfermeiro. Também fui missionário de uma missão no Uganda", contou Silvano Toniolo, citado pelo jornal italiano 'Corriere della Sera', explicando que não tem familiares e durante as viagens que faz aproveita para visitar amigos. Estes, às vezes, convidam-no para comer.
Nunca dorme nas estações, sublinha, contando como passa as noites: "Viajo toda a noite, saio no final da viagem e, depois, volto a subir noutro comboio, que parte". De bagagem tem só uma mochila, preta, que lhe serve de almofada. "Não sou um sem-abrigo", esclarece o octogenário.
Silvano Toniolo é apenas um dos muitos rostos da crise em Itália, onde a cada dia 2 500 pessoas ficam sem emprego. A crise política não tem ajudado: o impasse político em que o país mergulhou após as legislativas de 24 e 25 de fevereiro já fez com que Itália perdesse 1% do PIB.
Os partidos com assento parlamentar não se entendem para formar Governo. Nem sequer para eleger um novo Presidente da República, obrigando Giorgio Napolitano a assumir um segundo mandato. Apesar dos seus 87 anos de idade. Mais sete do que Silvano Toniolo.