Israel cede a Trump e proíbe entrada de congressistas muçulmanas

Rashida Tlaib e Ilhan Omar apoiam o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) ao Estado judaico contra a ocupação palestiniana. Trump diz que "odeiam Israel e todos os judeus".
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Israel vacilou, mas acabou por anunciar que não permitia a entrada das duas congressistas americanas muçulmanas, ambas democratas e críticas do presidente Donald Trump - mas também da política israelita face à Palestina.

A decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi confirmada pela vice-ministra dos negócios Estrangeiros, Tzipi Hotovely, tendo como argumento o declarado apoio das congressistas Rashida Tlaib (Michigan) e Ilhan Omar (Minesota) ao movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) ao Estado judaico. O BDS é promovido por palestinianos e apela ao boicote económico, mas também cultural e científico.

Netanyahu estava entre a espada e a parede perante a anunciada visita a Israel e à Palestina das congressistas democratas Ilhan Omar e Rashida Tlaib, as primeiras legisladoras muçulmanas dos Estados Unidos.

Esta semana, Donald Trump exerceu uma forte pressão sobre o governo israelita para que impedisse a entrada da Rashida Tlaib e Ilhan Omar, por estas serem críticas das políticas de Israel face à Palestina. Chegou mesmo a afirmar que as duas mulheres "odeiam Israel e todos os judeus". Minutos depois dos tuítes do presidente norte-americano, Tzipi Hotovely confirmou numa rádio local que o Ministério do Interior tinha decidido não conceder vistos às congressistas.

"Seria uma grande demonstração de fraqueza se Israel permitisse a visita das congressistas Omar e Tlaib. Elas odeiam Israel e todos os judeus e não há nada que possa ser dito ou feito para que mudem de ideia. Minnesota e Michigan vão ter muito trabalho para elegê-las novamente. Elas são uma desgraça", escreveu Trump no Twitter.

Tlaib e Omar, as duas primeiras mulheres muçulmanas a ocuparem assentos na Câmara dos Representantes dos EUA, foram alvo, junto com Alexandria Ocasio-Cortez e Ayanna Pressley de diversos ataques de Trump.

Em julho, o presidente disse que as congressistas "deveriam voltar" para seus países de origem. Mas só Omar não nasceu nos EUA, tendo vindo da Somália como refugiada - é, contudo, cidadã americana desde 2000. Já Tlaib é filha de palestinianos, mas nasceu em Detroit.

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