A Irlanda do Norte vai precisar de perder mais de um milhão de ovelhas e gado bovino para alcançar as novas metas de emissões climáticas, de acordo com um documento revelado pelo The Guardian..A aprovação da primeira lei climática do país obrigará à redução em larga escala de animais, exigindo que o setor agrícola atinja neutralidade carbónica até 2050 e reduza as emissões de metano em quase 50% no mesmo período..Cerca de um terço das emissões de metano causadas pelo homem vêm do gado, especialmente dos gases emitidos pelos animais..A análise da KPMG, feita pelos representantes da indústria agrícola, estima que é necessário perder mais de 500.000 bovinos e cerca de 700.000 ovelhas para que a Irlanda do Norte cumpra as novas metas climáticas. Um outro estudo levado a cabo pelos conselheiros climáticos do governo do Reino Unido sugerem que o número de frangos também terá de ser reduzido em cinco milhões até 2035..A indústria agroalimentar do país e grupos agrícolas associados há muito levantam preocupações sobre o impacto esperado das reduções de emissões. A agricultura é responsável por cerca de 27% das emissões de gases de efeito estufa da Irlanda do Norte, sendo a grande maioria proveniente do gado. A sua indústria de carne fortemente orientada para a exportação abastece principalmente a Grã-Bretanha, mas também exporta para a China e a América do Norte, descreve o The Guardian. "Em relação à meta de neutralidade carbónica [da Lei de Mudança Climática], assumimos que 'carne bovina', 'laticínios' e 'ovelhas' têm um maior peso para a descarbonização pois são os setores que mais impactam as emissões de carbono da pecuária na Irlanda do Norte", afirma um porta-voz da consultora KPMG. "Os setores de 'suínos' e 'aves' têm um impacto menor nas emissões de carbono da agricultura (2% e 1%, respetivamente) e, portanto, qualquer esforço para descarbonizar pode ter um menor impacto nas emissões totais de carbono.", acrescenta. Se olharmos para as evidências sobre o ciclo das emissões de gases de efeito estufa, as fontes de gado de carne vermelha e de laticínios têm maiores emissões porque são ruminantes e produzem altas emissões de metano", aponta Ewa Kmietowicz, chefe da equipa de mitigação do uso da terra no Comité de Mudanças Climáticas (CCC) do Reino Unido. Chris Stark, chefe-executivo do CCC, disse ao The Guardian que uma mudança para a agricultura arável provavelmente será necessária se os níveis de produção de alimentos permanecerem os mesmos na Irlanda do Norte.."Uma condição nos nossos modelos de projeção futura é conseguirmos produzir a mesma quantidade de alimentos per capita em 2050", afirma. "Mas é muito difícil cumprir esse objetivo a não ser que vejamos uma mudança na prática agrícola, e especialmente na relação entre a criação de gado e a agricultura arável", acrescenta ainda.."Assim, é um grande desafio - e estou interessado em ver o que é que o governo vai fazer agora, já que a maioria das emissões vem de animais. Em breve isso terá consequências para a Irlanda do Norte".