Irlanda a votos.. Empate técnico entre os três maiores partidos
A sondagem à boca das urnas realizada pela televisão pública RTE dá um empate técnico às três principais forças partidárias da Irlanda. O Fine Gael, do primeiro-ministro Leo Varadkar, recebeu 22,4% dos votos, o partido republicano do Sinn Féin (antigo braço político do já inativo IRA) obteve 22,3%, e o centrista Fianna Fail, principal força de oposição na passada legislatura, 22,2%.
O estudo - realizado junto de uma amostra de 5000 eleitores - tem, no entanto, uma margem de erro de 1,3%, pelo que está tudo em aberto.
Certo é que obtendo agora um resultado próximo dos 22,3%, contra 13,8% em 2016, o Sinn Féin, nacionalista e republicano, obteve importantes ganhos nestas eleições, aumentando, segundo o Guardian, as hipóteses de vir a integrar o próximo Governo.
Está em causa a eleição dos 160 deputados que integram o Parlamento irlandês. O Fine Gael, no poder, partido do primeiro-ministro Leo Varadkar, caiu de 25,47% em 2016 para 22,4% - o que poderá significar o fim do mandato de Varadkar como chefe do Governo.
Tanto Varadkar como Micheál Martin, líder do Fianna Fáil, excluiram durante a campanha darem lugares no Governo ao Sinn Féin - partido historicamente considerado o braço político do IRA (sigla inglesa de Exército Republicano Irlandês, o grupo paramilitar católico que pretendia retirar a Irlanda do Norte do Reino Unido e integrá-la na República da Irlanda).
Contudo, o resultado do Sinn Féin ("Nós próprios", em irlandês) pode fazer com que o partido chegue ao poder (algo que nunca aconteceu). A líder, Mary Lou McDonald, sempre disse que o seu principal objetivo era acabar com duopólio entre o Fine Gael e o Fianna Fáil, que se alternam no poder há um século.
Uma parte importante do parlamento irlandês é ainda composta por deputados independentes ou de partidos mais pequenos, como o Trabalhista, os Verdes ou o Povo contra o Lucro, que, dependendo do desempenho nestas eleições, também poderão decidir quem chega ao poder.
Pat Leahy, chefe do departamento político do Irish Times, citado pela agência de notícias France Presse, disse no sábado à noite que um empate entre três grandes partidos é inédito na Irlanda, um país onde a política é tradicionalmente liderada pelos dois grandes partidos do centro-direita.
"Formar um governo será um exercício muito difícil se os partidos mantiverem as suas posições de antes das eleições", disse.
A contagem dos votos da eleição deste sábado começou às 09.00 (mesma hora em Lisboa) deste domingo, mas, devido à complexidade do sistema eleitoral irlandês, os resultados podem ser conhecidos só daqui a vários dias.
No principal centro de contagem em Dublin, instalado num parque de exposições, foram colocadas longas mesas, cercadas por barreiras, em torno das quais se aglomeravam observadores partidários e membros do público.
Ao todo concorreram 516 candidatos, escolhidos através de um sistema de voto único transferível (os eleitores numeram os candidatos presentes no boletim por ordem de preferência). Os votos de segunda preferência e conseguintes são distribuídos à medida que os candidatos são eleitos, porque atingiram o patamar necessário, ou eliminados, o que prolonga o processo de contagem durante vários dias até ao anúncio dos resultados.
Apesar da recuperação desde a crise financeira e as boas perspetivas económicas, o próximo governo vai ter como desafios responder ao descontentamento relativo a questões como a saúde e habitação e expectativas sobre a redução de impostos e aumento das pensões de reforma.
Terá também um papel importante nas negociações da União Europeia com o Reino Unido para um novo acordo de comércio tendo em conta que o país vizinho é o principal destino das exportações irlandesas e é o principal parceiro económico.