As iranianas decidiram expor nas redes sociais muitas das situações que consideram erradas na polícia de costumes, principalmente os abusos em relação ao entendimento sobre o uso incorreto dos véus com que são obrigadas a cobrir o rosto. A solução é simples e surgiu no hashtag #MyCameraIsMyWeapon (A minha câmara é a minha arma)..Segundo uma reportagem publicada no jornal francês Le Monde, com imagens de vários polícias expostos nas redes sociais, as mulheres iranianas contestam que tendo o país tantos problemas importantes, a força policial esteja mais preocupada com futilidades como a repressão constante a quem não usa esta peça de roupa, e com gastos dispendiosos dos impostos cobrados aos contribuintes..Um dos primeiros vídeos data de 18 de abril e tornou-se viral entre mais de um milhão e meio de mulheres que consultam a conta de Masih Alinejad, em que uma mulher polícia questiona uma jovem mal coberta, que é atacada e sofre vários abanões até acabar derrubada no chão por uma agente que enverga um chador preto. Alinejad é uma jornalista da televisão que se recusa a esconder o cabelo e ficou famosa pela sua cabeleira nunca escondida. Em 2014 ela criou a página My Stealthy Freedom e desde aí o seu conteúdo tem sido sempre de forte oposição ao autoritarismo da polícia da virtude, tanto assim que foi obrigada a exilar-se em Londres após ter sido presa..As reações ultrapassam o próprio Irão, sendo que muitas mulheres turcas, arménias e paquistanesas também denunciam os abusos nos seus países e, principalmente, apoiam as iranianas. O mesmo acontece em países como a França, onde a jurista parisiense Anton Struve republica, já traduzidos, os vídeos na sua conta do Twitter sob o hashtag #NousSommesLeursVoix (nós somos as suas vozes)..Segundo Masih Alinejad, os efeitos do #MyCameraIsMyWeapon são grandes e a polícia de costumes até já considerou, pela voz do procurador-geral da República Islâmica, Mohammad Jafar Montazeri, que o telemóvel das iranianas se "transformara numa arma".