IPO de Lisboa quer espaço do antigo mercado da Praça de Espanha
O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa vai propor à Câmara Municipal de Lisboa alargar o hospital para os terrenos onde estiveram até final de outubro do ano passado o mercado da Praça de Espanha. A proposta será apresentada em breve e pretende juntar num só edifício os serviços de ambulatório que atualmente estão espalhados pelos 19 blocos que fazem parte do IPO. Para já a autarquia diz que nada foi discutido.
"É uma ideia que o IPO teve e que será colocada o mais rapidamente possível, ainda este mês, à Câmara de Lisboa", adiantou ao DN Francisco Ramos, presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa. Sobre se seria em cedência de terrenos ou compra, o mesmo adiantou que "ainda está tudo em aberto" e sem nada revelar sobre estimativa de investimento para a construção do novo espaço. A ideia começou a ser desenhada quando o mercado da Praça de Espanha, chamado Mercado Azul, fechou em setembro e foi depois demolido no final de outubro.
Se conseguir, a ideia é juntar num só edifício os serviços de ambulatório, como exames e hospital de dia com tratamentos de quimioterapia, em vez de estarem separados pelos vários blocos que estão no terreno do IPO e que não têm ligação entre si. "A saída desse mercado da Praça de Espanha, mesmo em frente ao IPO, veio criar, pelo menos aos nossos olhos, a possibilidade de propor à Câmara Municipal de Lisboa a expansão do IPO para esse espaço. Criaria a possibilidade de não ser preciso retomar o processo de fazer um novo IPO noutro local que não naquele terreno junto à Praça de Espanha", disse Francisco Ramos à Lusa.
Ao DN fonte da Câmara Municipal de Lisboa que "não está previsto ou discutido com o Instituto Português de Oncologia sobre as suas instalações".
O IPO recebe doentes de toda a zona sul do país e estimava-se que até ao final do ano passado tenham realizado mais de 250 mil consultas, 7600 cirurgias, 30 mil sessões de quimioterapia e 83 mil de radioterapia. Para este ano estão previstas obras de melhoria do bloco operatório central e da unidade de transplante de medula óssea e hospital de dia de Pediatria.
Correia de Campos quis mudar
A possibilidade do IPO deixar a Praça de Espanha chegou a ser colocada em 2006, quando em março desse ano o então ministro da Saúde, Correia de Campos, anunciou que pretendia uma nova localização para o novo complexo oncológico, que teria as vertentes hospitalar, científica e social. Estiveram várias possibilidades de locais em cima da mesa. Oeiras e o Parque da Bela Vista, em Chelas, para um espaço que rondaria os 7 hectares. Posteriormente foi dada uma nova solução pela Câmara de Lisboa, ainda no Parque da Bela Vista, mas numa zona diferente.
Com as eleições para a presidência da autarquia, em 2007, todos os candidatos foram unânimes: garantiram que o IPO não sairia de Lisboa. Para os doentes esta era a decisão que mais agradava. A polémica só terminou quatro anos mais tarde, altura em que a possibilidade de uma nova localização do IPO ficou de vez afastada. Mas já com Ana Jorge à frente do Ministério da Saúde.
Se não houvesse transferência, dizia Correia de Campos, que o IPO teria de receber obras de pelo menos 100 milhões de euros. Ana Jorge decidiu-se pela manutenção do local, assumindo que não havia capacidade financeira para a construção de um novo hospital, e anunciou um investimento de 45 milhões de euros para requalificação da unidade.
Do fim do mercado à renovação
O mercado da Praça de Espanha, conhecido por Mercado Azul, surgiu nos anos 1980, quando o então presidente da Câmara de Lisboa, Nuno Krus Abecassis, transferiu para a Praça de Espanha os vendedores que estavam no Martim Moniz, com o objetivo de reabilitar esta última zona. Os pavilhões deveriam ter estado ali por cinco anos. Estiveram 30.
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Quando foi anunciada a requalificação da Praça de Espanha, os 69 comerciantes receberam uma indemnização total de 821 mil euros. Antes, em julho, a câmara assinou um contrato com o Montepio Geral - Associação Mutualista que prevê a permuta de terrenos na zona da Praça de Espanha pelo valor de 12 milhões de euros, para ali ser construído o edifício sede do Montepio Geral e da Lusitânia Seguros. "Vai nascer na Praça de Espanha uma nova praça, uma verdadeira centralidade, num projeto que será emblemático para o futuro da cidade", afirmou Fernando Medina, quando no ano passado falou sobre a requalificação da zona.
Com Lusa