IPJ acusado de falsear concurso para jovens cinéfilos
Num texto publicado a 8 de Maio no blogue do Imago ( Festival Internacional de Cinema e Vídeo Jovem, com sede no Fundão), podia ler-se que o representante português no Júri Jovem do Festival de Cannes deste ano, escolhido entre os membros do Júri Jovem do Imago 2006, seria Raphäel Jerónimo: "O Raphäel ganhou e vai passar uma semana em Cannes a representar Portugal e a curtir que nem um maluco. Quando (se) voltar vamos poder contar com o seu relato." Esse relato, porém, nunca foi feito, porque Jerónimo nem sequer chegou a partir.
Ainda em estado de choque, o finalista do curso de Comunicação Social da Universidade de Coimbra aponta o dedo à delegação regional de Castelo Branco do Instituto Português da Juventude (IPJ), a quem coube o processo de selecção do representante nacional no Júri Jovem de Cannes . "Havia um acordo entre o IPJ e o festival Imago segundo o qual o Imago faria a escolha e o IPJ trataria das formalidades burocráticas", disse Raphäel Jerónimo ao DN.
Segundo este jovem crítico, que escreve sobre cinema na imprensa regional e publicou alguns trabalhos na revista Première, o IPJ nunca agiu como se esperava que agisse. Além de lhe ter pedido a documentação necessária apenas no último dia, "ergueu depois disso um muro de silêncio à volta da minha viagem".
Uma semana antes do início do Festival de Cannes , Raphäel leu notícias na imprensa que referiam outro nome em vez do seu. "Continuaram a não me dar qualquer tipo de explicações e mesmo no dia 14, dois dias antes da abertura, o discurso manteve-se: 'não sabemos de nada, vai ter que esperar'". A espera de Jerónimo transformou-se em desespero quando percebeu que a viagem se esfumara, sem que nada lhe tivesse sido comunicado formalmente. "O pior é que soube pelo Sérgio Felizardo, sub--director do Imago, da existência de uma segunda vaga aberta para Portugal, que foi desaproveitada", lembra Jerónimo, ainda inconformado com a "injustiça".
Até à hora do fecho desta edição, o DN tentou contactar Luís Miguel Nascimento, delegado regional do IPJ de Castelo Branco, mas este não se mostrou disponível para prestar esclarecimentos.