iPhone 7 é mais do mesmo com mudanças esperadas e chega a Portugal dia 16
Tim Cook entrou em palco com uns óculos de festa de plástico azul, mas o ambiente que se viveu na apresentação dos novos iPhones 7 e 7 Plus foi morno. A audiência que encheu o Bill Graham Civic Auditorium em São Francisco não entrou na histeria coletiva que caracterizou apresentações anteriores da marca. Os motivos são simples: estes iPhones não introduziram revoluções e quase tudo já tinha sido revelado em fugas de informação recentes.
"Estamos tão excitados com o iPhone 7", declarou Tim Cook, que parecia bem animado, antes de chamar ao palco o vice presidente global de marketing Phil Schiller, para as honras da apresentação. Desta vez, o iPhone 7 e o 7 Plus têm mais diferenças além do tamanho do ecrã (4,7 e 5,5 polegadas). As pré-reservas para os dois modelos abrem já nesta sexta-feira e os telefones chegam às lojas a 16 de setembro, tendo Portugal sido incluído logo no primeiro lote de países. Os preços em euros no mercado português deverão ser revelados em breve, mas nos EUA começam nos 649 dólares para o iPhone 7 de 32 Gb e 769 dólares para o 7 Plus com a mesma capacidade. As outras versões desaparecem - já não haverá 16 nem 64 Gb, apenas 128 ou 256 Gb.
A falta de excitação da audiência não surpreendeu o analista da Gartner, Tuong Nguyen, que falou com o DN. "Na verdade, não vi nada verdadeiramente excitante", admitiu. "Vivemos numa era em que há muito poucas surpresas."
O fim da entrada de áudio
Olhando para os novos telefones, é difícil distingui-los dos dois anteriores. Ao nível visual, aparece uma nova cor, jet black, com um toque brilhante, mas o design é muito semelhante ao do 6 e do 6s. A mudança mais visível é o desaparecimento da entrada de áudio para auscultadores, algo de que se falava e não parecia agradar a ninguém. Agora, os auscultadores passam a funcionar através da porta Lightning, que é usada para carregar a bateria do telefone, e a Apple inclui na caixa um adaptador para quem quer continuar a usar os seus auscultadores antigos. O que a marca não explicou é como é que se pode usar estes auscultadores e carregar a bateria ao mesmo tempo. Talvez seja de propósito, porque a empresa introduziu os auscultadores sem fios AirPods. Têm um processador por dentro, o W1, e sensores que permitem ativar o Siri com um toque dos dedos. Só é preciso ligá-los uma vez a um aparelho e depois ficam sempre emparelhados, com bateria que dura para 24 horas de audição. Não são é gratuitos: chegam no final de outubro por 159 dólares.
Phil Schiller defendeu a decisão de acabar com a entrada de áudio, que tinha sido criticada pelo cofundador da Apple Steve Wozniak. "Quando temos uma visão de como a experiência do áudio pode ser, queremos lá chegar o mais rapidamente possível", disse, referindo que a Apple teve a "coragem" de andar para a frente. Esta visão materializa-se nos AirPods, porque a marca vê o wireless com muito mais funcionalidades do que simples auscultadores de fios. São uns novos wearables para a empresa.
Melhorias no hardware
A Apple passou as duas horas de conferência a dizer que este é "o melhor iPhone de sempre", "o melhor chip usado num telefone de sempre." É tudo melhor, sem dúvida, mas "isso não é mais do que lógico, não é assim que funcionam os avanços tecnológicos?", questionou o analista da Gartner. O que irá agradar mais aos utilizadores é o superprocessador A10 Fusion, 40% mais rápido do que o do iPhone 6s e 100% melhor do que o do iPhone 6. Schiller até o comparou com o iPhone original: 240 vezes melhor. A Apple tem dominado neste campo, conseguindo sistematicamente bater as rivais em testes de performance, e o 7 não será diferente. No entanto, não se trata de resolver um problema - o 6s já era muito rápido. É um incremento, tal como a mudança no botão Home, que passa a ter um "motor táptico" por trás que devolve sensações conforme o toque e responde com opções diferentes a vários níveis de força. O interessante é que os programadores poderão desenvolver toques únicos para a interação com as suas apps.
O que resolve um problema é a resistência à água e ao pó - de resto, algo que também chega ao novo relógio inteligente Watch S2, também apresentado esta quarta-feira.
Na câmara estão os grandes investimentos e diferenças entre o 7 e o 7 Plus. É que este último terá uma câmara dual, "uma ferramenta incrível" que permitirá zoom ótico 10x com a precisão de uma lente profissional.
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Em ambos os iPhones, a câmara principal tem 12 megapixéis, lente de seis elementos e sensor 60% mais rápido. A câmara frontal passa a ter 7 megapixéis. "É um supercomputador para fotos", resumiu Schiller.
Resta saber o que pensa o mercado: o analista Tuong Nguyen diz que os utilizadores "já escolheram o seu campo" e ou usam iOS ou usam Android. Os ciclos de substituição é que variam. O 7 muda pouco. "Penso que vai ser uma venda difícil", conclui este especialista da Gartner.
Em Los Angeles