"Intolerância e extremismo" levam CEO da Merck a sair de grupo de conselheiros de Trump

CEO da farmacêutica criticou comentário do presidente aos incidentes em Charlottesville, onde morreram três pessoas. E já levou resposta de Trump
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O CEO da Merck, a terceira maior empresa farmacêutica dos Estados Unidos, demitiu-se esta segunda-feira do painel de empresários que aconselha o presidente, uma decisão tomada para "combater a intolerância e extremismo" nos EUA. Donald Trump não tardou a reagir no Twitter, dizendo que o empresário terá agora mais tempo para "baixar os preços dos medicamentos que são uma exploração".

Kenneth Frazier deixa de fazer parte do grupo de conselheiros do mundo dos negócios criado pela administração de Trump numa altura em que o presidente está a ser criticado por não ter condenado especificamente a extrema-direita pelos incidentes no estado da Virgínia, que resultaram em três mortos.

"Os líderes norte-americanos devem honrar os nossos valores de base ao rejeitarem claramente expressões de ódio, intolerância e supremacia de grupos, que vão contra o ideal americano de que as pessoas são todas iguais", defendeu o empresário de 62 anos, que lidera a Merck desde 2011.

Durante o fim de semana, três pessoas morreram e 19 ficaram feridas numa manifestação organizada por extremistas brancos em Charlottesville, Virgínia. No Twitter, Trump condenou "tudo o que representa o ódio", acrescentando que "não há lugar para este tipo de violência nos Estados Unidos". Contudo, disse também aos jornalistas que os incidentes foram "demonstração chocante de ódio, fanatismo e violência de muitos lados, de muitos lados".

O empresário negro disse que, "por uma questão de consciência" e "como CEO da Merck", sente a "responsabilidade de tomar uma posição para combater a intolerância e o extremismo", conforme se lê no comunicado publicado na conta oficial da farmacêutica no Twitter.

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Uma hora depois do comunicado de Frazier ter sido publicado nas redes sociais, Trump falou sobre a demissão do empresário no Twitter. "Agora que o Ken Frazier da farmacêutica Merck se demitiu do conselho de produção do presidente vai ter mais tempo para BAIXAR OS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS QUE SÃO uma exploração", escreveu o presidente.

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A Casa Branca afirmou no domingo que o presidente dos Estados Unidos também se referia a "supremacistas brancos, KKK [Ku Klux Klan], neo-nazis e todos os grupos extremistas" quando condenou a "violência, intolerância e ódio" nas declarações sobre Charlottesville.

No sábado, Trump publicou no Twitter um vídeo em que apelava à unidade social. "Acima de tudo, devemos lembrar-nos desta verdade: Não importa a nossa cor, credo, religião, ou partido político, somos todos americanos primeiro", disse o presidente no vídeo.

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Kenneth Frazier não é o primeiro a deixar o painel de empresários conselheiros. Elon Musk, CEO da Tesla, demitiu-se em junho após o anúncio de que os EUA vão sair do Acordo de Paris que prevê o combate às alterações climáticas, e o então presidente executivo da Uber, Travis Kalanick, saíra já em fevereiro.

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