O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) diz que a vaga de demissões no Serviço de Urgências do Hospital Distrital de Faro põe em causa a capacidade formativa da unidade hospitalar. Pedro Nunes acrescenta que, se o pedido de demissão de 18 dos 20 chefes e do director do serviço não se resolver nos próximos dias, terá de actuar, sob o perigo de estar "a violar os regulamentos". Ou seja, 90 médicos internos poderão ter que sair.."Pelo regulamento da OM, não é possível fazer formação médica sem que haja especialistas dirigentes da área. Se a situação não for resolvida, poderemos ter que retirar a idoneidade formativa ao Hospital e, se isso acontecer, os médicos internos vão ter que mudar", explicou ao DN Pedro Nunes..São 18 os chefes de equipa do Serviço de Urgência que pediram a demissão de funções, alegando que estão a funcionar em condições degradantes e que os doentes, espalhados pelos corredores, correm o risco de apanhar infecções hospitalares. A estes, junta-se a carta de demissão do director de serviço, Manuel Parreira. O protesto envolve a área de medicina , ou seja, todos os médicos que não são da especialidade de cirurgia. O Hospital tem cerca de 250 clínicos e 90 internos e as urgências atendem 300/400 doentes por dia.. Faltam duas cartas de demissão para que toda a estrutura de chefia do serviço esteja demissionária, o que deverá acontecer para a semana, segundo Martins dos Santos, presidente do Conselho Distrital do Algarve. É cirurgião no Hospital Distrital de Faro e diz que a OM está a acompanhar o processo com preocupação, "uma vez que não tem havido um desenvolvimento adequado para dar respostas à falta de condições" do Serviço de Urgências. E sublinha: "As pessoas protestam por uma situação que consideram que atingiu o limite. Obviamente que vão continuar a desempenhar as funções, mas não há ninguém que o faça com o mesmo empenho sem motivação.".Não é aquele o entendimento da directora clínica do Hospital, Helena Gomes (ver entrevista na última página), que considera que as demissões não afectam o funcionamento das urgências. Reuniu sexta-feira com o presidente da Administração Regional de Saúde mas, segundo disse ao DN, não foi para debater a demissão das chefias. Têm 60 dias para responder aos pedidos de demissão.."A minha preocupação é acelerar o processo de ampliação das urgências para as obras começarem no início de 2008", justificou Helena Gomes, recusando-se a fazer estimativas quanto ao prazo para conclusão..O projecto de restruturação implica a melhorias das actuais instalações e afectação de um armazém contíguo ao serviço.|