A defesa de Mário Lino vai tentar convencer um juiz de instrução a não avançar com o julgamento, argumentando que "não existe qualquer contradição" entre os depoimentos prestados pelo ex-ministro socialista nas várias fases processuais. .No despacho de acusação, a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) diz que o depoimento de Mário Lino não coincide com o que foi dito nas fases de inquérito e de instrução e são contrariadas pelo depoimento do ex-presidente da Refer Luís Pardal..Segundo o MP, o arguido "prestou depoimentos com discrepâncias e contraditórios", quanto à data em que esteve reunido com Manuel Godinho, o principal arguido no processo, assim como quanto aos conteúdos das conversas e contactos com o sucateiro..Outra das discrepâncias encontradas pelo MP tem a ver com o número de contactos que Mário Lino teve com Luís Pardal para falar sobre Manuel Godinho..O ex-presidente da Refer é uma das testemunhas indicada pelo MP, neste caso, a par de dois inspetores da Polícia Judiciária de Aveiro..Segundo o MP, o antigo titular da pasta das Obras Públicas terá sofrido alegadas pressões do ex-ministro Armando Vara e do gestor Lopes Barreira, coarguidos no processo "Face Oculta", para destituir Luís Pardal das suas funções de presidente do conselho de administração da Refer..O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas..Entre os arguidos estão personalidades como Armando Vara, ex-administrador do BCP e José Penedos, ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), e o seu filho Paulo Penedos.