Em entrevista à Lusa, João Paulo Teixeira, líder da equipa do ISPUP, afirmou hoje que o projeto, denominado ConTerMa, vai avaliar a "influência do clima mediterrânico nas três cidades", assim como "estabelecer 'deadlines' para o futuro e para a construção deste tipo de edifícios [lares da terceira idade]"..O projeto ConTerMa -- Análisis del confort térmico en residencias de ancianos en el espacio de cooperación transfronterizo de Espanã-Portugal, que se inicia em janeiro, vai assim "prever quais as condições térmicas aceitáveis ou preferidas para este grupo de pessoas". ."Esta colaboração, que envolve também uma equipa de arquitetos e de engenheiros, surge para tentar resolver um problema futuro, principalmente em termos de edificado, que certamente vai ter reflexos na qualidade do ar interior, no conforto térmico dos idosos e fundamentalmente no seu bem-estar", frisou o investigador do ISPUP. .Inserido no Programa de Investigação Multidisciplinar sobre o Envelhecimento, segundo João Paulo Teixeira, o ConTerMa surge como "consequência do estudo GERIA -- Geriatric Study in Portugal on Health Effects of Air Quality in Elderly Care Centers".. "Este é o culminar de algumas lacunas que vimos no projeto GERIA e que abriram agora portas para estudar e melhorar a qualidade de vida das pessoas que residem nestes lares", sublinhou João Paulo Teixeira, que liderou esse estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no Porto..Desenvolvido em 2014 e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o projeto GERIA analisou, numa primeira fase, a qualidade do ar interior de 53 lares de terceira idade, 33 em Lisboa e 20 no Porto, tendo em conta a "caracterização do edificado" e a "qualidade de vida e de saúde dos idosos". ."Chegamos a conclusão de que a maioria destes edifícios são adaptados, isto é, que não são construídos de raiz para serem lares de idosos e que isso tem implicações na saúde dos que lá vivem", frisou..Numa segunda fase, a equipa do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge decidiu fazer "uma intervenção mais profunda" e, dos 53 lares de idosos, selecionou 18 em Lisboa e 22 no Porto, que envolviam cerca de 817 residentes. ."Um dos resultados que obtivemos estava relacionado com o conforto térmico, que não era o ideal. Na ausência de atividade física, as temperaturas devem estar a 25 graus, mas verificamos que na maior parte não estavam", salientou..Segundo o investigador, o projeto GERIA concluiu também, nos quartos e salas analisados, que as concentrações de dióxido de carbono estavam "20% acima dos valores de referência", as concentrações de partículas estavam "25 a 30% superiores desses valores", assim como as contaminações microbiológicas (bactérias e fungos), que foram "superiores aos níveis de referência estabelecidos na lei em mais de 30%". .Para João Paulo Teixeira, o projeto ConTerMa, que conta com a cooperação da Universitat Politecnica de Catalunya e da Fundacíon General de la Universidad de Salamanca, e é financiado pelo POCTEP -- Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça Espanha Portugal, vai ser um "desafio muito interessante", isto porque acredita que vai "influenciar o futuro dos que lá residem".