Instituto de Habitação recusa transferir bairros para Câmara
"O objetivo não é transferir os bairros para a Câmara do Porto. Então como é que eu pago o empréstimo que pedi ao Banco Europeu de Investimento para fazer as obras [de recuperação dos bairros]?", alertou Vítor Reis, em declarações feitas hoje à Lusa.
O presidente do IHRU revelou que "a partir de junho arrancam as obras em três dos oito bairros" que aquele organismo tem no Porto, mas assegurou que transferir as casas para a autarquia está fora de hipótese.
A Câmara do Porto aprovou na terça-feira, com as abstenções da CDU e da maioria PSD/CDS, negociar a transferência da gestão de oito bairros do IHRU para a autarquia.
A recomendação do PS, aprovada apenas com os votos dos socialistas, referia que as obras deviam ser realizadas pela empresa municipal Domus Social, com o dinheiro do IHRU.
De acordo com Vítor Reis, isso seria "gozar com o dinheiro dos contribuintes", porque o IHRU estaria a pagar as obras e a transferir para a Câmara a fonte de rendimento que permitirá pagá-las.
O responsável revelou ter reiterado "há algum tempo" a proposta de transferência dos bairros para a Câmara que já tinha sido feita pelo IHRU em 2004, mas a autarquia "disse que não queria".
A Câmara do Porto disse na terça-feira à Lusa ser favorável à ideia de ficar com os bairros do IHRU, alertando não acreditar que a transferência se concretize.
"A posição da Câmara do Porto é idêntica à do PS [que quer que os bairros que são propriedade do IHRU sejam transferidos para a autarquia]. Só que não acreditamos que essa transferência seja possível, porque o IHRU quer transferir os bairros (degradadíssimos!) e sem verba para a sua reabilitação", escreveu o gabinete de comunicação, numa resposta escrita enviada na terça-feira à Lusa.
Em causa, neste processo, estão os bairros de Pereiró, Ramalde, Ramalde do Meio, Leonardo Coimbra, Novo de Paranhos e Viso, S. Tomé e Contumil (nestes últimos apenas uma parte do bairro pertence ao Estado).