O Instituto de Apoio à Criança pediu à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que analise o caso de um jovem que foi ridicularizado no programa "Ídolos" da SIC, avançou hoje à agência Lusa o secretário-geral do IAC..O caso aconteceu no programa divulgado pelo canal televisivo no passado domingo, que mostra as orelhas do jovem a crescer durante a sua atuação, uma situação que gerou muitas críticas nas redes sociais e levou a SIC e a produtora do programa FremantleMedia a lamentarem o sucedido..Perante o caso, "o Instituto de Apoio à Criança solicitou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social que avaliasse a situação", disse o secretário-geral do IAC, Manuel Coutinho..Falando genericamente de programas que expõem crianças e jovens, Manuel Coutinho, também coordenador do SOS-Criança do IAC, defendeu que estes "devem ter um cuidado muito especial para não ferir as suscetibilidades" dos participantes..Por outro lado, sublinhou o psicólogo, os pais também devem "ponderar muito bem o interesse da participação ou não dos filhos em determinado tipo de programas"..Manuel Coutinho adiantou que este tipo de programas "tem muita audiência", que às vezes é conseguida através da ridicularização dos seus intervenientes.."Esta ridicularização quando incide sobre as crianças e jovens pode acabar por ser nefasta e, de alguma maneira, comprometer a sua formação, porque a afeta de uma forma muito negativa", advertiu..Para o psicólogo, os programas que "comprometem os direitos fundamentais das crianças, nomeadamente o direito à sua imagem, acabam por ser devastadores"..Isto porque "os jovens e os adolescentes estão em formação e, por vezes, têm grande dificuldade em aceitar o seu corpo e quando as suas dificuldades são exacerbadas não contribuem para o seu bem-estar, pelo contrário acentuam as suas dificuldades de integração de grupo e de autoimagem", explicou..Manuel Coutinho disse acreditar que quem produz este tipo de programas não tem como objetivo prejudicar os jovens. Contudo, "há certas práticas que, aparentemente inocentes, acabam por vir a comprometer o desenvolvimento harmonioso da personalidade das crianças"..Nesse sentido, defendeu, devia haver uma "maior fiscalização prévia para evitar eventuais excessos que muitas vezes acontecem"..A acontecerem estas situações as organizações que tutelam estes programas, nomeadamente a ERC, devem avaliá-las e elaborar recomendações para que não se repitam, sublinhou..O Bloco de Esquerda também enviou hoje uma carta ao presidente da ERC, Carlos Magno, a defender a necessidade de avaliar se as práticas estabelecidas nas empresas de comunicação social protegem devidamente os menores e o seu direito à imagem e reserva da intimidade, bem como o seu direito à proteção legal contra qualquer forma de discriminação..Para o BE, a "violência da caricatura" suscita "algumas preocupações sobre as práticas estabelecidas nas empresas e produtoras de comunicação social relativamente aos contratos que estabelecem com participantes nos seus programas e, em particular, o respeito pelo direito à imagem dos participantes"..A Lusa contactou a ERC e a SIC, mas até ao momento não obteve resposta..Este caso foi lamentando por um professor do jovem, Rafael Tormenta, que escreveu na sua página do Facebook que o adolescente, que frequenta uma turma de Educação Especial, "está fechado no seu quarto há alguns dias".."No Agrupamento de Escolas Gaia Nascente estamos muito zangados com a SIC. Entendemos que isto não se faz a ninguém", afirma Rafael Tormenta, lamentando não saber quando é que seu aluno vai regressar às aulas e que "o senhor ministro da Educação e o senhor Primeiro-Ministro nada façam para acabar com esta barbárie"..A Lusa contactou o Agrupamento de Escolas Gaia Nascente, mas a sua diretora não estava disponível. .