Instituto Cultural de Macau quer editar mais em português

O Instituto Cultural de Macau vai voltar a apostar na edição e reedição de obras em língua portuguesa, disse à Agência Lusa o presidente do organismo, que considera a possibilidade de uma cooperação com instituições lusas.
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'A edição e reedição de mais obras em português é um objectivo do Instituto Cultural, porque apesar de o número de leitores em língua portuguesa de Macau não ser grande, o português é uma língua mundial', defendeu o presidente do instituto, Guilherme Ung Vai Meng ao sublinhar que se pretende reeditar alguns livros esgotados e procurar novas obras que valham a pena editar.

Para cumprir este objectivo, o responsável disse que será ponderada a possibilidade de o Instituto Cultural vir a colaborar com algumas instituições portuguesas com presença no território 'se houver vantagens' nessa cooperação.

Guilherme Ung Vai Meng falava à margem do lançamento da nova versão em português da obra 'Breve Monografia de Macau', que levou 12 anos a traduzir por Jin Guo Ping a pedido do Governo português, que na altura administrava Macau, e que é considerada a primeira publicação em chinês sobre a história de Macau.

'Esta obra é um marco histórico para a Macaulogia', defendeu o tradutor e estudioso ao sublinhar que aquela 'é a primeira obra com informações sistemáticas sobre Macau', importante para o conhecimento dos primeiros 200 anos da presença dos portugueses no território.

Os autores são Yin Guangren e Zhang Rulin, dois 'mandarins', funcionários de topo da administração chinesa e encarregados pelos assuntos de Macau no século XVIII, que aproveitaram, entre 1744 e 1746, as frequentes visitas a Macau para recolherem informações pormenorizadas sobre a história, geografia, organização social e actividades económicas da pequena cidade portuária administrada pelos portugueses.

Através de documentos oficiais e da sua própria experiência junto da comunidade portuguesa, Yin Guangren e Zhang Rulin deixaram registada a visão chinesa sobre os portugueses, sob a forma de história poetizada com 150 poemas inseridos na narrativa, e reflectido o facto de Macau ter sempre constituído motivo de preocupação e debate para as instâncias políticas e administrativas chinesas.

'Sobre a personalidade dos portugueses, a visão era negativa, até porque os 'mandarins' não dominavam o português, portanto também não os podiam conhecer a fundo', explicou Jin Guo Ping ao lembrar que na época 'Macau estava sob a jurisdição chinesa e os portugueses eram considerados vassalos dos chineses'.

'Mas, de modo geral, esta é uma obra positiva sobre Portugal e os portugueses', apontou o tradutor ao referir a arquitectura lusa e o facto de os portugueses serem muito 'engenhocas' como alguns dos aspectos mais positivos realçados pelos 'mandarins'.

Jin Guo Ping, que já traduziu para chinês alguma obra de Fernando Pessoa, considera 'muito importante continuar a editar obras em português' na região sob administração chinesa, estando, deste modo, o Governo local a 'cumprir a promessa de manter a língua (de Camões) oficial'.

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