Instituições de saúde, solidariedade e outras pedem recuo na eutanásia
Aprovar a eutanásia num momento em que "milhares de pessoas e instituições, num esforço sobre-humano diário, cuidam os doentes e pessoas vulneráveis e frágeis dando tudo para salvar vidas", contrariando pareceres de ordens profissionais da saúde, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, de cidadãos e entidades da sociedade civil, "é um desrespeito" por todos. É essa a posição de um grupo que reúne instituições de apoio e solidariedade, mas também da saúde e da academia num último apelo para que se recue na lei da eutanásia.
A votação final da despenalização da morte clinicamente assistida na Assembleia da República está marcada para esta sexta-feira, depois de aprovados os projetos de PS, BE, PAN, PEV e Iniciativa Liberal na generalidade, há cerca de uma semana.
No comunicado assinado por um grupo de instituições que reúne a União das Misericórdias, o grupo CUF, a Luz Saúde, a Confederação das Instituições de Solidariedade e a Caritas, entre outras, é lançado um apelo aos deputados, antecipando a votação do próximo dia 29, para que voltem atrás na aprovação da morte assistida. Mas também a Marcelo, para que trave posteriormente a lei, caso isso não aconteça no Parlamento.
"Apelamos uma última vez aos deputados para que revejam a sua posição no momento de votar a lei em plenário", escrevem, pedindo que "se estes persistirem nos seus intentos", o próprio Presidente da República intervenha e "faça o que estiver ao seu alcance para travar a legalização da eutanásia em Portugal".
Recordando a "hora sombria" que vivemos, com mais de 200 mortes por dia de covid nas últimas semanas, e além do momento a forma como a lei passou, "semidespercebida", na Assembleia, as instituições prestadoras de cuidados de saúde do setor privado, de solidariedade social e demais entidades subscritoras sublinham que não se reveem na lei da eutanásia e esperam que possa ainda "ser dado um passo de recuo".
As instituições subscritoras, que incluem também a Universidade Católica, o Refúgio Aboim Ascensão, a Casa do Gaiato ou a Federação Portuguesa das Associações das Famílias de Pessoas com Experiência de Doença Mental, sublinham querer garantir que continuarão "a defender a vida em todas as suas formas e etapas". E asseguram que vão manter o seu apoio aos mais idosos, muitos deles sós ou dependentes, mas também a crianças e adultos que necessitem de cuidados especiais, bem como continuar a cumprir o seu papel nos cuidados continuados e paliativos.