Injeção de adrenalina

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A Volvo Ocean Race é a mais antiga, mais longa e mais dura regata do mundo. Quanto às duas primeiras características, nada a declarar, sobre a terceira, um testemunho. No dia 1 tive oportunidade de participar na corrida de treino a bordo do veleiro da equipa da Dongfeng. E posso atestar que, de facto, andar nestes barcos, em competição, não é andar de barquinho à vela. Não enjoei. Nem me lembrei disso. Pensei que podia cair ao mar. Mas acho que foi só durante dois segundos. A atenção estava centrada nos movimentos do skipper e do resto da tripulação. "Quando a corrida começar, quando eu for para a direita, vocês vão também, quando for para a esquerda, vocês também", ordenara Charles Caudrelier, skipper francês do veleiro com tripulação mista, que na primeira etapa da corrida - Alicante-Lisboa - ficou em terceiro lugar. A francesa Marie Riou e a holandesa Carolijn Brouwer eram as duas mulheres a bordo. A voz imperiosa do chinês Chen Jinhao "Horace" ia atualizando a contagem do tempo que faltava para melhor situar a equipa. O navegador francês Pascal Bidégorry, de tablet na mão, ia discutindo estratégias com o skipper e comunicando informações aos outros. Oscilando entre o francês e o inglês. De um lado para o outro. Frenético. Quando o barco da Sun Hung Kai Scallywag fez uma tangente ao da Dongfeng, Pascal e Caudrelier protestaram oficialmente, gritaram, gesticularam, como atestam as fotos do on board reporter Jeremie Lecaudey. "Todos para a direita." "Todos para a esquerda." De cada vez que o skipper dizia isto, o barco inclinava rapidamente, como se fosse virar, todos tinham de correr para se segurar. Numa das vezes fiquei pendurada pelos braços e com as pernas em suspenso. Uma verdadeira injeção de adrenalina. Que valeu a pena. E terminou com a conquista do segundo lugar.

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