O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje que a indústria portuguesa irá contribuir certamente para o "esforço coletivo" acordado entre todos os Estados-membros no sentido de aumentar a capacidade de produção de vacinas contra a covid-19 na União Europeia..Na conferência de imprensa no final de duas cimeiras virtuais de líderes da União Europeia, entre quinta-feira e hoje, a primeira das quais consagrada à resposta coordenada europeia à pandemia, e na qual os 27 assumiram como grande prioridade acelerar a produção de vacinas e a vacinação, António Costa apontou que Portugal já comunicou a Bruxelas "as capacidades diversas" da indústria farmacêutica portuguesa "para poderem colaborar nas diferentes fases de produção de uma vacina".."Esperamos e temos a certeza de que a nossa indústria dará o seu melhor para poder colaborar neste esforço coletivo", afirmou..O chefe de Governo e presidente em exercício do Conselho da UE lembrou que, além da reprogramação do quadro de aplicação dos fundos da UE para o desenvolvimento do país «Portugal2020», foram criadas "linhas de crédito que têm apoiado a reconversão de linhas industriais para a produção dos mais diversos materiais de combate à covid-19".."Isso foi particularmente visível, por exemplo, na industria têxtil relativamente à produção de máscaras, mas está também aberto naturalmente à industria farmacêutica", apontou..Costa recordou ainda que "já é público que A AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] tem vindo a trabalhar, designadamente com o município de Paredes de Coura, para que possa rapidamente ser instalada em Portugal uma unidade fabril que terá também capacidade de produção de vacinas"..Nas conclusões adotadas após a sessão de trabalhos de quinta-feira, consagrada ao combate à covid-19, os líderes da UE assumem que, apesar de a vacinação já estar em marcha em todos os Estados-membros graças à estratégia comum da UE para as vacinas, é necessário "acelerar urgentemente a autorização, a produção e a distribuição de vacinas, bem como a vacinação"..Nesse sentido, o Conselho Europeu diz então apoiar "os esforços adicionais por parte da Comissão para trabalhar com a indústria e os Estados-Membros no sentido de aumentar a atual capacidade de produção de vacinas, bem como de adaptar as vacinas às novas variantes, consoante necessário".."Apoiamos igualmente os esforços que a Comissão tem vindo a desenvolver no sentido de acelerar a disponibilidade de matérias-primas, facilitar a celebração de acordos entre fabricantes em todas as cadeias de abastecimento, examinar as instalações existentes para ajudar a aumentar a produção na UE e reforçar os esforços em matéria de investigação e desenvolvimento", acrescentam os líderes..O primeiro-ministro afirmou que tudo aponta para que a União Europeia prolongue para 2022 a vigência da cláusula de não aplicação das regras de disciplina financeira do Tratado Orçamental face à crise provocada pela covid-19..Questionado se, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, poderá ser reaberto até junho o debate sobre o prolongamento da suspensão da aplicação das regras do Tratado Orçamental, face à manutenção de um quadro de crise económica e sanitária em consequência da covid-19, o primeiro-ministro respondeu que "não é preciso reabrir um tema que nunca esteve encerrado".."É um tema que está em aberto e a convicção que temos aponta no sentido de que a cláusula de exceção de não aplicação do Tratado Orçamental seguramente vai ter de ser prolongada para 2022", declarou o primeiro-ministro..Mas António Costa foi mais longe neste ponto, dizendo ser convicção do Governo português de que no final deste semestre "poder-se-á iniciar um debate sereno, que se desenvolverá em paralelo ou em conjunto com a conferência sobre o futuro da Europa, em matéria relativa ao futuro das regras orçamentais da União Europeia".."Além das lições aprendidas com esta crise, há também as lições aprendidas ao longo da última década e que convém não esquecer", disse, aqui numa alusão à crise financeira que se instalou em vários Estados-membros da União Europeia entre 2010 e 2013 e que motivou um pedido de assistência externa por parte de Portugal..No início da conferência de imprensa, o primeiro-ministro referiu que nesta reunião do Conselho Europeu ficou decidido que a Comissão Europeia apresentará até junho um relatório sobre "as lições da pandemia de covid-19" - uma iniciativa que António Costa elogiou.."Será feito um balanço dos pontos de vista sanitário, institucional e económico sobre o que aconteceu na União Europeia ao longo da crise provocada pela covid-19", acrescentou.