Os socorristas resgataram ontem uma mulher de 25 anos das ruínas do hotel Roa-Roa, em Palu, onde se estima que estariam pelo menos 50 pessoas na altura do sismo e tsunami de sexta-feira, na ilha Celebes, na Indonésia. Noutra casa, tentavam salvar uma jovem de 15 anos, cujas pernas estavam sob os escombros onde já jaziam mortas a sua mãe e sobrinha, trabalhando para evitar que a água de um cano esburacado pudesse afogá-la..As autoridades indonésias temem que o número de mortos possa chegar aos milhares. O último balanço oficial já aponta para 832 mortes confirmadas, mas o acesso a algumas regiões afetadas (onde vivem 1,4 milhões de pessoas) é limitado e há muitas pessoas ainda presas nas ruínas e corpos a dar às praias..O vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, avisou que o número de vítimas pode chegar aos milhares. Mas este já é o pior sismo seguido de tsunami na Indonésia desde a tragédia de 26 de dezembro de 2004, quando um devastador abalo de magnitude 9,1 ao largo da costa de Sumatra desencadeou um maremoto que matou 168 mil pessoas (220 mil num total de 13 países)..Desde então, este foi o terceiro tsunami a atingir o país: a 17 de julho de 2006, mais de 600 pessoas morreram após o abalo e a subida das águas na zona ocidental e central de Java (a maioria na cidade de Pangandaran); a 25 de outubro, foram mais de 400 os mortos em Mentawai..Anel de fogo.A Indonésia fica no Anel de Fogo do Pacífico, onde a colisão de várias placas tectónicas desencadeia inúmeros sismos e erupções vulcânicas. Já neste ano, entre julho e agosto, uma série de sismos tinha causado mais de 550 mortos na ilha de Sumbawa..Este novo tsunami deverá reativar as críticas ao sistema de alerta que foi criado após o de 2004 e que parece ter voltado a falhar. Um porta-voz da Agência para a Mitigação de Desastres Naturais, Sutopo Purwo Nugroho, lamentando uma queda no investimento, disse que nenhuma das boias que detetam as ondas está a operar desde 2012..Na sexta-feira, a agência responsável lançou um alerta de tsunami, mas este foi levantado 34 minutos após o sismo, havendo quem diga que foi demasiado cedo. Contudo, segundo os responsáveis, o tsunami atingiu Palu quando o alerta ainda estava acionado..Presidente no terreno.O presidente da Indonésia, Joko Widodo, visitou neste domingo a zona afetada na sexta-feira pelo sismo de magnitude 7,5 na escala de Richter, que desencadeou um tsunami com as ondas a chegar aos seis metros em algumas zonas. Desde o abalo, já se registaram mais de 150 réplicas..Widodo publicou no Twitter uma foto em que é abraçado por um dos sobreviventes. "A dor do povo de Celebes Central, todos estamos a sofrer", escreveu..A maioria das vítimas (821) registou-se em Palu, cidade com cerca de 350 mil habitantes na costa oeste de Celebes, havendo também registo de mortes (11) em Danggala. No entanto, a Cruz Vermelha Internacional já alertou que há pouca informação sobre Danggala, cidade de difícil acesso, afirmando ser "extremamente preocupante".."Isto já é uma tragédia, mas pode ser pior", lê-se num comunicado desta organização..Ajuda da UE.A União Europeia anunciou neste domingo que vai avançar com 1,5 milhões de euros para prestar uma ajuda humanitária de emergência às vítimas. Além dos 832 mortos, havia ontem já 540 pessoas hospitalizadas e 16 732 deslocados..Esta ajuda vai servir para "fornecer bens essenciais como comida, abrigos, água, produtos médicos e de saúde", referiu o comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, o cipriota Christos Stylianides..Isto numa altura em que já se fala em pilhagens face à falta de alimentos, água e combustível.