Indignação na Holanda com caso de professor obrigado a esconder-se após ameaças

O caso ocorreu num debate na sala de aula de uma escola de Roterdão sobre o professor francês que foi decapitado por mostrar caricaturas. Uma adolescente já foi detida e o primeiro-ministro Mark Rutte veio condenar as ameaças.
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Um professor de Roterdão, na Holanda, foi obrigado a esconder-se num lugar seguro depois de ter sido ameaçado e acusado de blasfémia por vários alunos. Isto depois de, durante um debate na sala de aula sobre o assassinato do professor francês Samuel Paty, ter mostrado um cartoon de um homem decapitado, vestindo uma camisola da revista Charlie Hebdo, mostrando a língua a um jihadista.

Este caso está a gerar uma enorme onda de indignação na Holanda, tendo a polícia local ter anunciado a detenção de uma adolescente de 18 anos que, alegadamente, terá feito várias ameaças contra o professor holandês através de publicações nas redes sociais. No entanto, não esclareceu se a suspeita é estudante do Emmauscollege, a escola onde decorria o debate.

Quem já veio a público mostrar-se indignado com as ameaças contra o professor foi o primeiro-ministro holandês Mark Rutte, classificando o ato como "absurdo" e "intolerável". "Devemos ser capazes de discutir temas como liberdade de expressão nas nossas salas de aula sem qualquer tipo de pressão externa. Pode doer quando alguém tem uma opinião diferente da sua visão de mundo ou convicção religiosa, mas todos têm o direito de se expressar com liberdade", frisou o chefe de governo.

Foi o próprio governo holandês que pediu às escolas para homenagearem o professor francês assassinado Samuel Paty na passada segunda-feira. Nesse dia, no Emmauscollege, foi cumprido um minuto de silêncio, foi colocada a bandeira a meia haste e depois houve ainda um discurso do diretor daquele estabelecimento de ensino. Alguns professores optaram ainda por fazer um debate sobre os cartoons, tendo várias alunas exigido que fosse retirado um desenho satírico que estava pendurado num quadro.

O cartoon, que ganhou um prémio nacional em 2015, mostra uma figura decapitada com uma camisola da revista "Charlie Hebdo" e a mostrar a língua a um homem barbudo com uma espada ensanguentada.

O professor tentou, sem sucesso, explicar que a imagem não representava mais do que uma crítica ao ataque de 2015 contra a Charlie Hebdo. A imagem acabou por ser retirada, mas na internet começaram a circular várias ameaças nas redes sociais, tendo vários docentes admitido ao jornal holandês NRC que não se sentiam seguros para ir à escola.

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